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17 ABR 2023
OPINIÃO | "Espírito de resiliência", por Nuno Pedro
Por Jornal Abarca

No passado dia 22 de março, por inerência das funções que me estão adstritas na Associação de Futebol de Lisboa, marquei presença na cerimónia de apresentação da quadragésima edição do Torneio Internacional de Futebol Infantil, promovido pelo Clube Atlético e Cultural da Pontinha (CAC).

Nada de extraordinário daqui resultaria, uma vez que se trata de um clube que não é da área de influência do jornal abarca, não fosse o facto de estarmos perante uma instituição desportiva, quase a completar meio século de existência, que de há uns anos a esta parte se viu privada de instalações próprias, andando literalmente com a “casa às costas”.

Num projeto da Câmara Municipal de Lisboa, o local onde estava instalado o Complexo Desportivo do CAC, entretanto demolido, estava contemplado para acolher a Feira Popular, contudo, tal nunca se veio a concretizar. Nem Feira Popular, nem novas instalações para o CAC. Entre avanços e recuos, concursos lançados, adjudicações falhadas, mas obra nem vê-la, os cerca de 400 atletas do clube vão utilizando de forma precária, as instalações do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol, em Odivelas, mitigando um problema que urge encontrar solução.

Não fosse o espírito de resiliência ímpar que os dirigentes do CAC têm evidenciado e consequente motivação que só pode vir do prazer de proporcionar a prática desportiva às várias centenas de jovens, certamente estaríamos perante mais um caso de um clube que pura e simplesmente já tinha as suas portas fechadas, sucumbindo aos devaneios de outros, cuja noção de responsabilidade fica muito aquém daquilo que lhes é exigido.

Num mero exercício hipotético, imaginemos que situação similar se passava com um qualquer clube não detentor das suas instalações da nossa região, que de um momento para o outro se via privado da sua utilização? Felizmente que a “tal” responsabilidade” anteriormente aqui referida, ainda faz parte do ADN dos nossos autarcas – vide o caso de Abrantes, Mação, em que as autarquias tudo têm feito para proporcionar as condições desejáveis aos seus clubes, para o fomento do desporto e acima de tudo ocupar os jovens que aí residem, contribuindo decisivamente para que não enveredem por caminhos desviantes, com as consequências que todos conhecemos.

O episódio aqui abordado é mais um prego para o caixão do espectro desportivo em Portugal, da sobrevivência dos clubes, da falta de incentivo, que cada vez é maior, em abraçar a causa nobre do dirigismo “pro bono”, o verdadeiro sustentáculo do movimento associativo em Portugal.

Até quando?

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