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22 MAI 2023
OPINIÃO | "Eu, Tramagalense me Confesso", por António Carvalho
Por Jornal Abarca

As comemorações do Centenário do Tramagal Sport União levaram-me a ter que relembrar a minha vida e a importância que nela teve a vinda para Tramagal e para a MDF, a minha paixão pelo futebol e pelo Sporting e o ter sido “imigrante” em Tramagal.

Sendo um dos 100 distinguidos como obreiros do TSU, fui chamado ao palco da SAT. A minha dificuldade em subir as escadas, levou-me a pensar que estou mais velho do que julgava e a ficar sentado quando li a minha comunicação...

Fez no passado dia 10 de Abril, 65 anos que casei para o prédio à beira da estrada e junto à sede do TSU, em que a minha mulher continuaria a dar aulas, durante os nossos primeiros anos de casados. É por isso que posso afirmar, que sou já mais tramagalense do que lisboeta. No entanto, como entrei para sócio do Sporting aos 13 anos, em 1941, posso também dizer que sou sportinguista há mais tempo do que sou tramagalense. Como continuei, até 1966, a trabalhar no Aeroporto, vindo a Tramagal só nos dias de folga, só a partir desse ano deixei de ser o “marido da professora D. Madalena”, para ser o “Carvalho”, com sobrenomes que foram variando ao longo do tempo. Alguns pouco lisongeiros, porque nos tempos do PREC, eu senti que era uma tremenda ingratidão, para com os donos da Fábrica, as exigências revolucionárias muito em moda na altura e, quando os patrões foram afastados, mantive-me em contacto com o Dr. Carlos Duarte Ferreira.

Em 1966, eu já tinha saído de sócio do Sporting e os dirigentes dos clubes do futebol profissional tinham começado o desvario dos gastos com jogadores e treinadores. Nas Assembleias Gerais eu insurgia-me contra essa tendência e pretendia chamar a atenção dos sócios para a necessidade de manter as modalidades amadoras, mas era logo calado pelos fanáticos da bola com assobios e outros mimos, em português vernáculo.  

Quando cheguei a Tramagal, já a pista de atletismo tinha sido construida e havia 2 ou 3 rapazes que se distinguiam em corridas populares. Procurei aproveitar “o milagre” da existência em Tramagal de uma pista de atletismo e não estranhei a reacção negativa dos adeptos do futebol do TSU, receosos de que o atletismo viesse a “roubar” ao futebol, dinheiros da MDF .
Achei a reacção normal, tinha sido vacinado no Sporting,mas a situação do TSU não era comparável à do Sporting ou a qualquer dos “grandes endividados” clubes portugueses.
Consequência da Revolução Industrial, o futebol foi aproveitado pelos patrões ingleses para distrairem os seus operários, ao mesmo tempo que faziam publicidade à terra onde tinham as suas fábricas. Basta ver os seus nomes: Aston Villa, Burnley, Chelsea, Liverpool ... e em Portugal, ...TRAMAGAL SPORT UNIÃO

Verdadeiramente, só fui dirigente do TSU, no estertor da MDF. Fizemos o que foi possível, felizmente ajudados pela sorte: eu, o Luís Jerónimo, o Luís dos Santos e o João Júlio,(estes já falecidos).

Procurei integrar-me na comunidade tramagalense, fazendo parte do Coro da SAT (onde já passei à categoria de veterano, em pré-reforma), e escrevendo no abarca, praticamente desde o seu início, quando era um jornalito candidamente só dedicado a Tramagal e Constância.

Espero poder ainda ajudar nas iniciativas que houver, a bem do TSU e de Tramagal, principalmente na concretização de um desejo que venho alimentando, há muitos anos: ver jogar futebol, como se jogava em 1947!!! Até os jogos do Sporting me irritam, me aborrecem e, por vezes, me indignam, quando os comparo com os que vi jogar há 70 ou 80 anos. E o pior de tudo é não poder demonstrar às pessoas amigas, meus filhos e netos incluidos, que o futebol naqueles dias era muito mais bonito de se ver...

Uma característica dos habitantes de Tramagal, nos tempos da MDF, era a de “delegarem” a resolução de todos os problemas da terra, nos donos da Fábrica.Já não pode continuar a ser assim. Se queremos um TSU melhor, agora que a MDF é uma saudade, temos que nos organizar,  juntar esforços, dar ideias, conversarmos, pensando nos nossos jovens, noTSU e no Tramagal.
Algumas ideias:

Aumentar o número de sócios e a sua contribuição monetária.

As cotas devem ser função da vontade e disponibilidade dos simpatizantes e da inflacção.

Há muitos tramagalenses ou seus descendentes, a viverem fora de Tramagal, que podem contribuir para o engrandecimento do TSU

Inventar receitas extraordinárias como, por exemplo, o sorteio de prémios oferecidos por sócios ou por comerciantes amigos.

Melhorar a qualidade do Futebol das equipas doTSU.

Se as equipas do TSU jogarem em WM, terão maiores probabilidades de ganhar mais jogos, serão reconhecidas como exemplo, haverá maiores assistências e maior número de sócios...

Estarei à disposição do treinador, dos jogadores e dos adeptos do TSU, para lhes contar como era em 1947...

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