“Voltando à vaca fria”!
É lugar-comum dizer que um rio é um obstáculo à circulação de uma margem para a outra.
Para vencer o obstáculo o Homem criou os barcos que, flutuando na água, permitem ir de uma margem à outra com segurança relativa, mas sem molhar os pés.
Para o mesmo fim construiu as pontes que desde há milhares de anos nos levam de uma margem à outra com toda a segurança.
A zona urbana de Abrantes é atravessada por um rio – o Rio Tejo. Existem duas pontes que nos levam de uma margem à outra – uma rodoviária e outra ferroviária. Ambas de construção metálica com pilares em pedra. A ponte ferroviária, apesar da idade, vai levando os comboios da margem sul para a margem norte e vice-versa, tendo sido, ao longo dos anos e actualmente, objecto de obras de conservação e adaptação às novas exigências do tráfego ferroviário. Quanto à ponte rodoviária, apesar das obras de conservação e adaptação, é manifestamente insuficiente para a tráfego rodoviário que tem aumentado quase exponencialmente!
Desde há, pelo menos, quarenta anos que se pensa numa nova ponte sobre o Rio Tejo em Abrantes.
O Estado delineou um itinerário complementar (IC9) há vários anos que devia ligar a Nazaré à Ponte de Sor. Ficou-se por Tomar, apesar da construção da A13 e da A23 facilitar a passagem deste itinerário entre Tomar e Abrantes (por estas vias), bastando para o completar construir a parte que vai de Abrantes (Abrançalha de Baixo) até à Ponte de Sor!
Chegou a haver a promessa de um Secretário de Estado, por meados da década de oitenta do século passado, de oferecer o projecto. Mas, também este não viu a luz do dia.
É evidente que hoje, dada a prioridade que se tem dado ao transporte rodoviário, não só é necessária a ponte do IC9 em Abrantes, como outras são igualmente necessárias nesta região.
Refiro-me a Constância. Concelho dividido pelo Rio Tejo e com uma ponte provisória e de apenas um sentido que não serve de modo nenhum o referido Concelho. Mas, em minha opinião, uma coisa não tem a ver com a outra. Não posso concordar, de modo nenhum, com uma ponte do IC9 situada algures entre o Concelho de Constância e o Concelho de Abrantes por não servir nem a um nem ao outro Concelho.
Assim como há que construir uma ponte que ligue o Concelho de Vila Nova da Barquinha ao Concelho da Chamusca, concluindo aqui a A13 que termina, a sul em Almeirim e a norte da Barquinha.
Como é possível manter o trânsito na ponte da Chamusca e na ponte provisória de Constância?
Só num país que não consegue definir prioridades é possível gastar milhares de milhões (dos nossos impostos) a resgatar bancos e empresas falidas e não haver dinheiro para obras essenciais às populações, neste caso, do interior.
Além destas pontes é essencial terminar a variante da EN118 desde o Concelho de Constância ao concelho de Gavião.
Falando apenas do Concelho de Abrantes vejamos como a conclusão do IC9 e desta variante à EN118 serão benéficas para o Concelho e os seus cidadãos:
Liberta-se a zona urbana do trânsito de pesados vindos pela EN2;
Liberta-se o Tramagal, Rossio ao Sul do Tejo, Pego, Concavada e Alvega do trânsito de longo e médio curso;
Liberta-se a Rotunda do Lagar em Alferrarede das filas que já se fazem sentir a bastantes horas do dia;
Liberta-se a Rua António Farinha Pereira da maioria do trânsito de pesados;
Liberta-se a Rua D. João I (ex-EN3) para o trânsito local;
Enfim, liberta-se Abrantes Cidade de grande parte do trânsito rodoviário que hoje a atravessa, bem como Tramagal, Rossio ao Sul do Tejo, Pego, Concavada e Alvega que, assim, ficariam com o ar mais respirável!
Mãos à obra ou às obras!