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22 MAI 2023
OPINIÃO | "Dia Internacional dos Museus 2023 – Sustentabilidade e Bem-Estar", por Máximo Ferreira
Por Jornal Abarca

Em 2015, os estados membros das Nações Unidas aprovaram a Agenda 2030 para a Sustentabilidade e Desenvolvimento, definindo 17 objetivos que abrangeriam preocupações com a paz e a prosperidade em todo o planeta, envolvendo questões como pobreza, saúde, educação, desigualdades sociais, promoção do crescimento económico, alterações climáticas… Posteriormente, foram divulgadas algumas considerações sobre sucessos alcançados ao longo dos anos, mas reconhecendo adversidades resultantes, essencialmente, da pandemia covid-19, da guerra decorrente da invasão da Ucrânia e da intensificação dos efeitos das alterações climáticas.

O Conselho Internacional dos Museus (ICOM – criado em 1946), organização não governamental, também membro de um órgão das Nações Unidas – que tem por missão sugerir e, em alguns casos, coordenar ações em museus de todo o mundo – vem promovendo o Dia Internacional dos Museus, a 18 de maio, definindo, para cada ano, um tema sobre o qual aponta caminhos para a elaboração de programas a desenvolver pelos museus e respetivos visitantes e comunidades em que se inserem. Dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), a alcançar até 2030, o ICOM designou 3 para o “Dia Internacional dos Museus 2023”: Saúde e Bem-Estar Global, Ação Climática e Vida na Terra.

Sob o tema “Museus, Sustentabilidade e Bem-Estar”, milhares de museus por todo o mundo estão a organizar atividades (visitas guiadas, concertos, teatro, cinema, lançamento de livros, tertúlias, …) nas quais serão abordados aspetos referentes aos 3 objetivos, tendo em conta as realidades de cada região e das respetivas populações e suas culturas.

 

Centro Ciência Viva de Constância, Museu-Espaço de Memórias e Inovação

Num espaço outrora sede laboral de uma das várias quintas agrícolas do concelho, o Centro Ciência Viva de Constância (CCVC) iniciou um programa de ações e atividades com o objetivo de motivar residentes em geral e, em particular, antigos trabalhadores das quintas (abandonadas), para reunir e registar testemunhos que preencham aquele espaço com evocações de práticas e vivências de há mais de cinquenta anos. Assim se espera criar momentos de convívio que contribuirão para o bem-estar de quem já viveu várias dezenas de anos, não só pela contribuição com relatos sobre o funcionamento de algumas alfaias ainda existentes, na recuperação de outras que apresentam o natural desgaste do tempo, e até na execução de peças desaparecidas e cujas memórias serão ainda capazes de reconstituir. Tais ações envolverão pessoas de gerações posteriores que, acompanhando pais e avós, perceberão como trabalhos de outros tempos serviram de percurso indispensável para o progresso de técnicas e conhecimentos, alguns dos quais podem provocar admiração e espanto.

Deseja-se que este espaço de memórias – cedido ao CCVC pelo Município, por contrato de comodato até 2050 – possa vir a tornar-se também um espaço de inovação sob vários aspetos: a convivência entre gerações poderá facilitar a comunicação cidadã, tão seriamente dificultada pelos diversos – e muitas vezes mal compreendidos – recursos tecnológicos ao alcance das gerações recentes; consequentemente, podem gerar-se vontades de desenvolver iniciativas que congreguem pessoas de idades diferentes e diversos níveis de instrução, experiência profissional e ocupacional, gerando, assim, diversidade de ações de cooperação e solidariedade; o propósito de recuperar as antigas peças do antigo lagar, apenas para mostrar o aspeto dos tempos em que funcionavam, é passível de gerar vontades de – ao lado de cada uma – colocar o correspondente moderno e conduzir à criação de um pequeno lagar de azeite comunitário; e, se tal recurso se concretizar, que benefícios materiais obterão residentes e proprietários de pequenas parcelas onde existem duas ou três dezenas de oliveiras? Naturalmente, pequenas quantidades de azeitona que, até agora, “não merecia ser apanhada” dada a distância a que se encontram os lagares mais próximos, poderiam ser aproveitadas, em ambientes de cooperação e satisfação pessoal. Para além disso, tal recurso poderia constituir-se como um verdadeiro laboratório em que estudantes de diversos níveis de ensino perceberiam o ciclo do azeite, as novas tecnologias e os seus benefícios quando comparadas com as antigas, ao mesmo tempo que aos mais avançados seria facultada a possibilidade de experimentarem a análise de temperaturas, densidades, acidez e outras caraterísticas físicas e químicas do azeite.

No dia 20 de maio (sábado seguinte ao Dia Internacional dos Museus), a partir das 16:00, o Museu Quintas do Tejo – Espaço de Memórias e Inovação (espaço também conhecido como Quinta D. Maria – Montalvo) vai ser palco de conversas entre pessoas de idades diversas, com música e canções que, em tempos, animavam as “pessoas do campo”. Esperam os promotores iniciar, assim, uma caminhada que contribua (ainda que minimamente) para a verdadeira sustentabilidade de pessoas e do mundo, quer em recursos essenciais à vida e à saúde, mas também à capacidade de entender como o conhecimento, a cooperação e a solidariedade são, de facto, ingredientes indispensáveis para o bem-estar, para a saúde (física e mental) e para a felicidade em todo o planeta.

 

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