Hoje estimado leitor escrevo perplexa, controversa, cheia de conflitos interiores… como se tentasse fazer as pazes comigo mesma e com as ideias contraditórias que atravessam a minha mente.
Sou uma emigrante e uma migrante e desde que me lembro de existir sempre me senti como uma estrangeira no próprio país ou como alguém diferente de todas as outras pessoas, por isso me custa muitas vezes compreender os dois lados da história: a história dos que já vivem num lugar e a história dos outros que chegam de outro país.
Os emigrantes que estão a chegar à Bélgica de países de Leste estão a mudar a paisagem cultural e social do país. Muitos belgas estão indignados pelo facto do governo doar um valor a todos os que chegam refugiados da guerra da Ucrânia e consideram indigno o facto de outros emigrantes da Síria ou refugiados de países africanos serem completamente ignorados. Depois existe um clima de tensão ligado ao facto de na Bélgica existirem muitas pessoas a viverem em pobreza extrema nas ruas de Bruxelas ou por muitos lutarem tão arduamente pelo pão do dia a dia e a escutarem diariamente que os impostos sobem, o valor da energia sobe, o preço dos alimentos sobe… depois o valor desse acréscimo é apontado aos emigrantes de Leste, que recebem todos os apoios necessários no sentido de se integrar correctamente na sociedade.
No meio de todas estas confusões outros emigrantes de outros países vizinhos, russos, polacos e afins aproveitam a vaga migratória com documentos falsos e/ou documentos de familiares para poderem fugir de situações de miséria ou restritivas nos próprios países. A migração sempre foi uma solução plausível para a sobrevivência desde a idade da pedra…
Mas o que me surpreende mais nestas histórias de emigrantes, emigrados, pessoas locais, nativos é que ninguém nunca se dedicou de facto a identificar as verdadeiras origens destes conflitos e problemas sociais que todos temos. Quem são afinal os senhores da guerra? Quem ganha mais com a venda importação e exportação de armas? Quem são os responsáveis pela logística da guerra? Quem transporta bombas? E quanto recebem por estes serviços estes mercenários ou grupos?
Estamos todos a levar no pelo estimado leitor… emigrantes, imigrantes, nativos… todos somos afectados pelas mesmas forças. A solução será unirmos as nossas mãos e esforços e parar toda a logística da guerra para ambas as partes. Sem armas não há guerra para ninguém.
Bem-haja! O outro que chega tem muito mais em comum com o residente do que imaginamos…