Não sou saudosista, nunca digo que queria ter menos umas décadas do que a passagem dos anos me acrescentaram. Não sou saudosista, mas tenho memória e espero que em templo algum, enquanto a vida me pulsar nas veias, não a perca.
Tenho saudades da azáfama dos jornais, do correr atrás de divulgar em primeira mão, algo que nenhum meio de informação tinha “descoberto”. Tenho saudades de ser “obrigatório” ler tudo, ou quase o que tinha saído sobre o assunto a tratar para depois o divulgar “em primeira mão” sem hipótese, ou muito reduzida, de poder ser desmentida.
Sim tenho saudades dessa época. Actualmente a informação exige tal rapidez que, por exagero, se consegue divulgar “factos” que ainda não aconteceram ou cujos intervenientes nomeados nada têm que ver com o acontecimento.
Porque o jornalismo de investigação é caro, exige meios humanos, tempo e dinheiro, defendo que entre fazer mal ou deficiente e não fazer, enquanto directora deste jornal optei pela segunda posição. E sem falsas modéstias, não tenho um rol de desmentidos.
Optámos editorialmente por divulgar da região e alargando-a um pouco. Estamos sempre abertos a sugestão de leitores e tentamos, com os meios de que dispomos, “descobrir” notícias que passaram despercebidas.
Não gosto, não gostamos, de grandes paragonas inócuas, titulando textos com frases enganosas. Claro que não somos perfeitos. À laia de desabafo, o perfecionismo assusta-me, arrepia-me, causa-me um certo asco, o que não implica que tente, tentemos, como sempre fizemos, editar jornais o melhor que sabemos e pudemos.
Na região onde estamos inseridos há um manancial de personalidades aqui nascidas, investimentos mais conhecidos fora do que dentro, histórias nem sempre luminosas, mas a vida traz por inerência coisas boas e coisas más. Há quem estivesse no sítio certo, na hora certa. Outros viram passar a “sorte” e esta escapou-lhe por entre os dedos.
O jornalista é um contador de histórias e das linhas que preenchem as edições já foram publicados alguns livros e outros estão na forja.
Neste número falamos de vencedores e “vencidos”, de quem luta pela vida, das festas que animam as nossas cidades e vilas... Os nossos cronistas escrevem sobre a região, sobre o país ou a sociedade global... temas que os preocupam por que:
“Eu, quando choro.
não choro eu.
Chora aquilo que nos homens
em todo tempo sofreu.
As lágrimas são as minhas
mas o choro não é meu”
“Gota de água”, de António Gedeão (1906 - 1997).
Leia, divulgue, comente e não se arrependerá.
Bom começo de verão e boa época estival.