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19 JUN 2023
OPINIÃO | "O parque está mais bonito", por Ana Teixeira
Por Jornal Abarca

A sexta feira é quase sempre especial. Abre a porta ao fim de semana que durante quatro dias torturou o nosso pensamento. Até parece que há torturas boas…

À sexta feira o “meu” parque infantil ainda fica mais bonito. Tem mais crianças. Chego a desligar o meu som e substituo-a pela melodia dos risos e gritos da miudagem. Quando há sol a tarde pode ser perfeita.

Quando viajo e comparo os nossos parques infantis com os dos outros países europeus, quase sempre constato que as nossas crianças – ou os pais - são avessas àqueles espaços. Recordo, em especial, um parque inserido num bairro residencial em Berlim, no qual fiz questão de contar as crianças. “Resmas”, como diria o nosso Herman José e maioritariamente acompanhadas pelo pai.

O “meu” parque infantil, para quem já não se recorda, situa-se na Praça da República, em Abrantes. Num dia bonito quando tenho a janela do escritório aberta, haja alegria! Gargalhadas e berraria preenchem a minha vista. Ultimamente, o parque ainda está mais bonito. Tem mais garotada.

Tenho dificuldade em perceber aquela gente que olha para os migrantes como aqueles que nos roubam os empregos e cometem crimes. Sim, porque os portugueses nunca gamaram nem gamam e nunca atentaram contra a vida de ninguém. É só uma questão de informação. Leiam.

Em 2021, 14% das crianças nascidas em Portugal foram de mães estrangeiras, o que se reflectiu no aumento da taxa de natalidade portuguesa. Já agora, acrescente-se e para esclarecimento da mesma gente, que os estrangeiros não vivem à custa dos nossos impostos. Em 2022 houve um contributo de 1.500 milhões de euros de trabalhadores migrantes para a Segurança Social. Os trabalhadores de nacionalidade brasileira são os que mais contribuem.

O “meu” parque está mais bonito porque tem mais crianças e, muitas delas, são estrangeiras. Aliás, vê-se que começaram a chegar à cidade cidadãos estrangeiros. Não são turistas. Residem e trabalham na cidade e arredores. Vieram de países distantes com cores e estórias de vida diferentes das nossas. Quando se gosta de conversar, como eu, aprende-se muito. São os filhos destes trabalhadores - porque os colaboradores estão nas empresas com CEO(s), que preenchem a beleza do meu parque.

Na Alemanha e norte da europa prolifera a construção de parques infantis que privilegiam uma dose moderada de perigo para habituar as crianças à exposição ao risco em detrimento da segurança a cem por cento. O objectivo é, obviamente, permitir que esta criançada na juventude e idade adulta ao lidar com situações difíceis tenha mais competências na superação dos obstáculos.

Quando observo as crianças no “meu” parque, vejo que as estrangeiras têm mais destreza, são mais descontraídas e correm mais. Nos seus países as suas condições socio-económicas seriam inferiores às das nossas crianças. Mas que são mais atrevidas, são. Que correm mais riscos, correm. E, provavelmente, nem frequentavam parques infantis. 

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