Quando, há muitos anos, procurei relançar o atletismo em Tramagal, ganhei fama de não gostar de futebol. Agora, 65 anos passados, nas comemorações do centenário do TSU, prometi explicar porque gosto de futebol, do futebol da minha meninice, do futebol que as equipas do Sporting jogavam nos anos 40 e 50 do século passado com a táctica do WM em que ainda jogaram os 5 violinos e de quem eu talvez seja o último espectador vivo.
No início, ou reinício do jogo, 5 dos jogadores de cada equipa eram atacantes: três mais avançados, (o extremo direito, o avançado-centro e o extremo esquerdo) e dois mais recuados, ladeando o avançado-centro (o interior direito e o interior esquerdo), que ajudavam a construir jogadas de ataque e, caso necessário, ajudavam os defensores a roubar a bola aos adversários.
Os outros 5 eram defensores, dois médios e três defesas, que procuravam evitar que fossem sofridos golos na sua baliza, “marcando” individualmente, por perto, os jogadores adversários que entravam no seu meio-campo.
Graficamente, os jogadores estavam, no início e reinicios do jogo, nos vértices e nas extremidades de um W e de um M, daí o nome WM desta táctica. Actualmente seria o 3x2x2x3.5
Era considerada muito importante a qualidade dos jogadores do “quadrado mágico”, formado pelos interiores e médios.
Há um princípio fundamental, nesta maneira de jogar.
SÓ GANHA UM JOGO A EQUIPA QUE MARCAR MAIS GOLOS, por isso:
1– Devem ser treinadas jogadas de ataque que levem a bola o mais
rapidamente possível para perto da baliza adversária
No Futebol Moderno (FM) a preocupação dominante é manter a posse de bola, até que surja uma “linha de passe” que permita uma jogada de ataque. Para quem não acredita em milagres, o melhor será marcar o adversário perto dele para evitar passes para o lado ou para trás, que só fazem perder tempo.
2 – A assistência ao jogador mais bem colocado para tentar o golo deve ser feita da frente para trás, porque facilita a recepção da bola e o remate vitorioso.
É o erro mais frequente no FM. Só a fuga pelos lados e o centro atrasado para o rematador, permite a este ver, ao mesmo tempo, a bola, a baliza e o adversário que o pode estorvar. Também diminui o risco de se incorrer em fora-de-jogo.
A3 – Quando houver necessidade de uma equipa marcar golos rapidamente,
as jogadas de ataque devem começar no seu campo,
Para evitar a aglomeração de muitos jogadores em frente da baliza adversária.
A4 – O remate à baliza deve ser treinado intensamente, por todos os jogadores, com a bola parada, em corrida, de diversas distâncias, com os pés e com a cabeça.
Hoje não há rematadores como havia nos anos 30, 40 e 50. Não é só saudosismo, veja-se, em cada jogo, o número total de remates, o número de remates enquadrados com a baliza e os falhanços incríveis dos avançados. Mas para os treinadores e comentadores parece que só os “frangos” dos guarda-redes são importantes.
A5 – Os cantos devem ser treinados e marcados de diversas maneiras mas sempre com a intenção de colocar a bola fora do alcance do guarda-redes.
No FM, a regra geral é o canto ser marcado mais ou menos paralelo à linha de fundo, para convidar a um remate de cabeça. Permite, no entanto, demasiadas vezes a intercepção do guarda-redes.
Pode perguntar-se: Se o FM tem estes vícios todos, porque é que as tácticas conhecidas por 343, 442, 433, 4321, etc... são adoptadas em todo o mundo e ensinadas a todos os jovens jogadores?
Desmond Morris deu-me uma pista para a minha “teoria da conspiração”. Os treinadores de futebol, quiseram valorizar o seu trabalho, fazendo dos jogadores uma espécie de “matraquilhos”, sujeitando-os a instruções que lhes permitissem, a eles treinadores, passarem a ideia que eram eles que ganhavam jogos e campeonatos, sendo por isso merecedores de ganhar famas e proveitos, como os jogadores ganham!
Pela Verdade, A bem da Nação e do Tramagal Sport União, Unidos Venceremos