Hoje escrevo num Domingo, aparentemente folgado. Hoje está sol o que é muito raro aqui, gostaria de sair de casa conduzir o carro e ir até ao mar. Este desejo rapidamente se transforma em conflito interior porque apesar de trabalhar e de estar oficialmente livre nos fins de semana, devo aproveitar o tempo que tenho e outros momentos supostamente de lazer para estudar. Este é o meu conflito interno: emoção / razão dos últimos meses.
O mundo que vivemos não é mais o mundo anterior. O passado acabou, o presente que temos agora é de preparação para o futuro.
Quando estudava na ESTA, lembro-me de estudar para ter um futuro melhor e de querer arranchar um bom emprego. Agora e, paradoxalmente, preciso de continuar a estudar para manter esse emprego ou conseguir algo melhor.
Ninguém parece muito preocupado com a forma como o nosso trabalho está a ser substituído progressivamente por máquinas. Existe na verdade uma onda de entusiamo e de alegria sobre essa ideia de como a Al é capaz de reproduzir reconstruções artísticas, fotos, textos, exprimir sentimentos e dar sugestões sobre como «terminar um relacionamento com o namorado de uma forma educada.»
Tudo isto estimado leitor poderia fazer sentir-me que vivemos um momento especial, um momento de viragem na história… mas eis que a minha memória humana me remete para um fabuloso livro que li dum neurologista português que nunca esqueci, o livro chama-se «Sentimento de si».
No livro é explicado como os humanos processam a memória, e de como processamos pensamentos, conclusões e sobre como de facto o cérebro gera esse sentimento de termos consciência de quem somos. Segundo esse livro é através do processamento dessas emoções que somos capazes de pensar e de sabermos quem somos. Pergunto-me vezes sem conta como é possível essa «inteligência» artificial ter «consciência» sobre o que é o humor, a ironia e afins… depois de analisar as várias entrevistas dadas por «Sophia», supostamente um robot inteligente, afundo-me num mar de perguntas sem fim.
Será que os cientistas criaram num laboratório a «consciência artificial?» Será que a consciência afinal nunca existiu e que isso não passa de um termo filosófico que pode ser condicionado pela cultura e pela língua? Será que afinal nós somos apenas os tais macacos evoluídos com meio por cento de diferença genética dos macacos originais? O que significa ter uma alma ou espírito no século XXI? Será que a AI bebe das nossas reacções, partilha de comentários e afins nas redes sociais para entender melhor o mundo? Hummm… de facto os Domingos solarengos não são mais o que eram estimado leitor.