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19 SET 2024
OPINIÃO | "Monasterio de Piedra, muito mais do que um mosteiro"
Por Jornal Abarca

É de pedra o mosteiro, bem entendido, mas não é por isso que se chama assim: é por se situar, ele e as terras que lhe pertencem, nas margens do rio Piedra, um dos cursos de água mais surpreendentes e mais encantadores da nossa Península.

Nesta parte ocidental de Aragão, não longe de Calatayud, o chão é pobre e o aspeto geral é de uma enorme secura, agravada no verão por temperaturas inclementes. Mas, de repente, há um rio que corre, sem sequer ser um rio grande, e tudo em volta é verde e fresco – sítio propício, portanto, para nele se instalarem pessoas, aproveitando a abundância de água e a fertilidade das margens. Não admira, por isso, que ali tivesse havido uma antiga fortaleza do tempo da ocupação árabe que já estava em ruína quando os monges cistercienses, nos finais do século XII, começaram a erguer o seu «monasterio».

Só pelo mosteiro vale a pena fazer o desvio, que ainda são alguns quilómetros, quando se segue na «autovia» que de Madrid leva a Saragoça, para o ir visitar: a preciosa sala capitular, o belíssimo claustro, a cozinha dos frades, onde pela primeira vez se produziu chocolate na Europa, e o refeitório, o que resta da igreja e várias exposições, com destaque para a coleção de antigos carros de tração animal e para o muito didático Museu do Vinho da região de Calatayud, instalado na antiga adega do mosteiro. Mas onde a gente se perde, horas a fio, é quando começa a percorrer o caminho, muito bem assinalado, por onde nos levam a descobrir os encantos do Piedra e do que ele permitiu que neste local mágico se fizesse.

Os frades, que aqui viveram durante mais de 600 anos, não o viram bem assim. Com a extinção das ordens monásticas, na sequência da revolução liberal do início do século XIX, o mosteiro ficou sem gente e começou a degradar-se. Seria comprado, anos mais tarde, por um particular que retomou a atividade agrícola e a produção pecuária e o seu filho, Juan Federico Muntadas, um criativo com visão empresarial, procedeu a profundas transformações, plantando árvores e abrindo caminhos e carreiros para possibilitar o acesso aos sítios mais bonitos, que muitos são, com várias grutas pelo meio, naturais umas e outras não, entre cascatas e lagos. Tudo água do Piedra.

De uma pontezinha, lá em cima no planalto, contemplamos e rio que segue calmamente na serenidade do seu leito estreitito, beijando as pedras que por todo o lado se veem. Mas logo a seguir precipita-se, em vários braços, correndo por onde a natureza mandou e Muntadas entendeu que devia correr também para maior fascinação dos visitantes. O resultado é um cenário magnífico, ideal para o repouso, a meditação e o encantamento.

O paraíso que Deus Nosso Senhor criou, para deleite de Adão e Eva, deveria ser mais ou menos assim.

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