Os nossos políticos tentam convencer-nos de que a nossa Saúde depende do bom funcionamento do Sistema Nacional da Saúde.
Permito-me discordar e por vários motivos. Os médicos aceites pelo SNS juram seguir o pensamento de Hipócrates que advoga como procedimento fundamental o cuidado com a alimentação e com um modo de vida não sedentário. Ora nem as Faculdades de Medicina ensinam sobre alimentação saudável, nem o SNS nos incentiva a compreender o funcionamento do nosso corpo e da nossa mente e a melhorar esse funcionamento.
Os resultados dos recentes Jogos Olímpicos, tendo sido a melhor de todas as nossas representações, retratam na sua pequena dimensão, a nossa pouca apetência para o Desporto.
As fortunas, hoje movimentadas pelas SAD no futebol profissional, são do mundo dos negócios, não do Desporto. Não deixa, no entanto, de ser curioso e triste recordar que o Estado Novo era e é acusado de ter como bandeira o “Futebol, Fátima e Fado”, mas a Mocidade Portuguesa oferecia aos seus filiados muitas oportunidades para praticarem diversos desportos, como vela, remo, futebol, andebol, râguebi, basquetebol, ténis, voleibol, ténis-de-mesa, hóquei em campo, atletismo, ginástica, tiro, esgrima, hipismo e natação.
Armado em democrata, nunca pensei filiar-me voluntariamente na MP, por isso fiquei futebolista de bancada, no Sporting…
Voltemos à Saúde. Dizem os entendidos que o serem as nossas crianças pouco atraídas e nada encaminhadas para o Desporto é uma das causas da elevada percentagem de jovens com peso excessivo. Mais tarde, a pouca movimentação que a maior parte dos trabalhos hoje exige, não é suficientemente compensada com as caminhadas que foram sendo moda nos últimos anos. Conjugando a inércia, com a iliteracia na alimentação e no funcionamento do nosso corpo/mente (que é tão complexo como maravilhoso) resulta uma percentagem elevada de pessoas idosas com doenças crónicas, muitas vezes dolorosas e/ou incapacitantes, que transformam os últimos anos da sua vida e, muitas vezes, a dos familiares, num inferno.
Era nisto que os nossos governantes deviam pensar. Era isto que eu julgava ser a norma obrigatória em Democracia. Afinal a Democracia é só uma condição necessária, mas não suficiente e há quem não esteja interessado em espalhar Verdades que possam beliscar os seus interesses.
Todos ouvimos falar na explicação que Darwin deu para compreendermos a evolução das espécies através da sobrevivência dos mais aptos. Os crentes na existência de Deus, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, rejeitam Darwin porque acreditam que Deus criou a humanidade já como ela hoje existe, assim como terá criado os micróbios.
Crentes e ateus, seguidores de Darwin, estão, no entanto, maioritariamente convencidos de que os vírus e as bactérias são os nossos piores competidores, o que já se sabe ser tremendamente falso. Pelo contrário, continuam ainda hoje a ser fundamentais para o funcionamento da vida na Terra. Sabemos que os solos terrestres, estão cheios de bactérias que cumprem funções essenciais, como a degradação de substâncias tóxicas e a regeneração de solos e ecossistemas terrestres e marítimos. No Reino Animal, há grandes colónias de bactérias a realizar funções no interior e no exterior do nosso corpo. Na pele, uma camada de 100,000 bactérias por centímetro quadrado, protege-nos de micro-organismos estranhos.
Tanto as bactérias como os temidos vírus foram estigmatizados porque foram descobertos devido à sua actividade causadora de doença. É verdade que podem ser perigosos, mas não podemos ignorar o seu papel ecológico, nem esquecer que os animais têm o seu Sistema Imunitário e que só adoecemos se ele estiver enfraquecido.
Quem quiser aprofundar os seus conhecimentos em biologia, e ser politicamente incorrecto, poderá ler “PENSANDO LA EVOLUCION, PENSANDO LA VIDA” de Máximo Sandín, de que julgo não haver ainda tradução em português, mas de leitura fácil em espanhol.
Quem for mais pragmático poderá ler “A SAÚDE PASSA PELO INTESTINO” do Dr. Serge Jurasunas, de 2004, e “CURE O SEU INTESTINO” da Dr.ª Vera Dias, de 2023, ambos muito interessantes e que nos ajudam a perceber a razão do interesse hoje despertado pela microbiótica. Serve, pelo menos, para passarmos a olhar para as nossas tripas com mais respeitinho e admiração.