A 22 de setembro celebra-se o dia mundial dos Rios, e a 30POR1LINHA irá comemorar a efeméride com uma saída de campo no rio Nabão. Esta enquadra-se nas atividades do Projeto Rios que é um projeto de ciência cidadã, coordenado pela Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA). O Projeto Rios tem como objetivo desenvolver ações de Educação Ambiental, através do voluntariado e da participação social na proteção e conservação dos ecossistemas fluviais. A 30POR1LINHA juntou-se a este projeto, com a adoção de dois troços em dois rios, em 2019 no Almonda e em 2020 no Nabão, ambos pertencentes à bacia hidrográfica do Tejo. Os pontos de monitorização localizam-se na Azinhaga, no Almonda no município da Golegã, e no Sobreirinho, no Nabão no município de Tomar. Nas atividades de monitorização são recolhidos e registados dados de medição do caudal, de alguns parâmetros físico-químicos da água, assim como de dados biológicos. Nestes dados é avaliada a presença de comunidades de macroinvertebrados bentónicos (organismos invertebrados com dimensões superiores a um milímetro que passam pelo menos uma fase do seu ciclo de vida no meio aquático), uma vez que estas podem ser utilizadas como bioindicadores do estado global dos rios. Durante as saídas de campo, e como ação de melhoria nas atividades, é efetuada uma recolha de resíduos das margens e envolvente ao ponto de amostragem de modo a deixar o local mais limpo do que se encontrava antes da atividade.

Como resultado do trabalho desenvolvido nos últimos anos, foi publicado em 2023, o artigo “Projeto Rios no Almonda e Nabão” no volume VI da revista Lucanus editada pelo município de Lousada. Neste trabalho, é realizado um balanço preliminar da participação do projeto Rios entre os anos de 2019 e 2022. O artigo é de acesso livre em: https://www.researchgate.net/publication/370025773_PROjETO_RIOS_NO_ALMONDA_E_NABAO

No período em análise foram realizadas 14 saídas de campo com um total de 122 participantes. Podem-se destacar algumas conclusões, como o estado de avaliação do Almonda que foi considerado medíocre e que no Nabão variou entre o medíocre e o bom, classificações estas que foram atribuídas de acordo com a tabela dos indicadores do estado de saúde do Projeto Rios. Alguns dos problemas identificados foram a presença do jacinto-de-água (Eichhornia crassipes), o teor elevado em nitratos no Almonda e a presença de espécies invasoras e a pressão turística no Nabão. Em ambos os rios, as ações de limpeza das margens com maquinaria pesada apresentam aspetos negativos tais como, a alteração da fisionomia das margens, perturbação ecológica nas comunidades de macroinvertebrados e, ou favorecimento da proliferação de espécies de plantas exóticas e invasoras. A presença de resíduos é também problemática, como é o caso dos plásticos. Uma parte significativa destes é libertada no ambiente, estimando-se que cerca de 10% dos plásticos produzidos vão parar aos mares e oceanos e que já representam cerca de 60 a 80% do lixo marinho. Estes poluentes estão sujeitos à degradação mecânica (erosão, abrasão), química (foto-oxidação, temperatura, corrosão) e biológica (degradação por micro-organismos). A fragmentação do plástico é um processo que pode continuar até ao nível molecular estando associada à formação contínua de micro e até nano partículas de plástico (partículas com dimensão inferior a 1 µm).