Este era o terceiro D do programa das Forças Armadas que, em 25 de Abril de 1974, deitaram abaixo a ditadura que nos governava havia quase cinquenta anos.

Deixei o segundo D – Descolonizar por me parecer não ser oportuno. Neste momento há um jornal diário que, aos domingos, vem escrevendo sobre o tema.

Falemos então do Desenvolver.

Para nós, nascidos na primeira metade do século passado, que vivemos a miséria criada pela ditadura e que alimentámos muitas esperanças com o raiar de democracia, temos de reconhecer que hoje, em pleno século XXI, a vida em Portugal é bastante diferente.

Melhorou muito em várias áreas, mas ainda não atingimos o patamar dos países europeus mais desenvolvidos.

Há hoje melhores vencimentos, o nível geral de vida é melhor, mas vejamos o descontentamento que existe em vários sectores profissionais, quer do estado, quer do privado. Os governos procuram, através dos impostos que cobram e que vão para o orçamento de estado, gerir de modo que “a curta manta” possa “aquecer” todos os corpos do “frio” que ainda por aí se mantém. Antigamente não havia dinheiro, era pouco, poucochinho, dizia-se que as colónias alimentavam os cofres do estado que assim aferrolhou para manter uma guerra em três frentes durante treze anos. Malbaratado dinheiro que apenas serviu para que muitos cidadãos portugueses e naturais dessas colónias perdessem a vida ou ficassem com muitas sequelas físicas e mentais. Talvez tenha servido também para que alguns, cá e lá, se tenham aproveitado da situação bélica para satisfazerem os seus desejos de ganância e de rica vida. Nas guerras há sempre os que vão morrendo e os que, não morrendo, melhor seria que tivessem partido tal a falta de condições para uma vida digna, para além dos que aproveitam para amealhar!

Acabando-se o rendimento das colónias veio, passados uns anos, o dinheiro da Europa!

Abençoada entrada do país na União Europeia.

E esse dinheiro que veio e continua a vir, destinava-se e destina-se ao desenvolvimento do país. Na segunda metade da década de oitenta e primeira metade da década de noventa (século passado) ainda se foram vendo alguns laivos de desenvolvimento. Encheu-se o país de autoestradas, esqueceu-se o caminho de ferro, veio muito dinheiro para a agricultura, vieram milhões para formação profissional e para a educação de adultos que completaram os seus ciclos de ensino que tinham abandonado tornando-nos num país de “gente letrada” (as aspas não têm a ver com os ditos adultos) que pôde subir nas suas carreiras profissionais. Quanto à formação profissional pouco ou nada resultou para além do benefício para os formadores e para as empresas que aproveitaram para se constituírem em “escolas de formação”. Reparemos que hoje precisamos de um profissional qualificado para um simples trabalho de reparar, por exemplo, uma canalização de água e não encontramos! Afinal que formações foram feitas? Lembremo-nos que, anos atrás, tinham acabado as Escolas Industriais e Comerciais e nada as substituiu. De há uns anos para cá criaram-se escolas profissionais que vivem de fundos comunitários a cujas regras têm que obedecer e lhes criam sérios constrangimentos!

Tudo isto para vos dizer que governar não é fácil e governar só por se terem ganho eleições está provado que não traz ciência de governação!

Saber governar é saber planear a curto, médio e longo prazo, de preferência com o acordo dos que não são governantes e saber gerir o planeamento!

Governar sem plano de desenvolvimento não produz efeitos, só gasta o dinheiro público!

Assim, precisamos de resultados e não da “conversa fiada” que temos ouvido!