Existem momentos na vida de cada um de nós em que a tomada de decisão é um instrumento que temos disponível para definir aquele que poderá ser o rumo que pretendemos seguir. Ou, pelo contrário, também a não decisão será reveladora da opção que entendemos ser a mais apropriada em determinado contexto.
Ao longo do meu percurso de vida, muitas foram as decisões que tive a prorrogativa de tomar, em função de determinadas condicionantes e dos objetivos que ambicionava atingir, fosse a título pessoal ou de interesse coletivo. Algumas boas, outras nem por isso, mas sempre com a firme convicção de que estaria a fazer o melhor, não tanto por mim, mas pelas organizações em que estava inserido. Por vezes com resultados inesperados e penalizadores, como o contrário também sucedeu.
Mas como sói dizer-se “mais vale uma má decisão do que uma não decisão”. Diariamente somos confrontados com o adiamento de tomadas de decisão, nossas ou de outrem que, de uma forma ou de outra, acabam por influenciar direta ou indiretamente não só a nós próprios mas também aqueles que nos rodeiam. Com as naturais consequências e assunção de responsabilidades que podem ou não ser partilhadas. Que definem a capacidade de liderança de quem as toma. Ou não. Na maior parte dos casos, quem lidera é frequentemente avaliado pela qualidade das suas decisões. Justas ou menos justas. Sensatas ou menos sensatas. A propósito ou nem por isso. Que ditam sermos bons ou maus líderes.
O mundo do dirigismo é um caso paradigmático desta temática, levando-nos quase em permanência a ser alvo de julgamentos, algumas vezes precipitados e pior do que isso toldados por pensamentos diametralmente opostos à realidade dos factos. Com a agravante de muitos não compreenderem que vivemos cada um com o seu alinhamento, sem estarmos reféns do que quer ou de quem quer que seja. Mas isso, infelizmente, é uma realidade de que poucos se podem orgulhar.
Ao não estarmos reféns de outros, estamos permitidos a viver de forma livre e autêntica, tendo a garantia de que as nossas escolhas, as nossas tomadas de decisão são em consonância com aquilo que pensamos e desejamos. A fazer as nossas próprias escolhas, sem constrangimentos ou qualquer tipo de condicionalismos. Ao invés, estando reféns, tal significa que dependemos de forma excessiva de outrem, perdendo toda e qualquer autonomia que possamos ter, para não falar mesmo em liberdade e porque não dizê-lo até a própria identidade.
Tenho o privilégio de pertencer aos primeiros. De ter a liberdade de fazer as minhas próprias escolhas, independentemente de poderem desagradar a outros. A esses que estão reféns, por mais que não queiram assumi-lo. Mas que estão. De forma indubitável. Que querem decidir por eles e pelos outros.
Tudo isto porque se aproxima um tempo de grandes decisões. Que são imperiosas tomar. Para o bem ou para o mal.