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21 OCT 2024
OPINIÃO | "Os mistérios nada misteriosos dos nossos fogos rurais"
Por Jornal Abarca

Desde os fogos de 2017 que os incêndios não justificavam reportagens patéticas na televisão. Os incêndios na Madeira foram lá longe, chegaram ao Continente disfarçados em caso político e não nos emocionaram grandemente.

O IPMA estava farto de nos avisar para os elevados riscos de incêndio, oferecidos pelas altas temperaturas e ventos fortes, sem que qualquer chama se visse. Alguém, certamente preocupado com o prestígio do Instituto, lançou fogo em variadíssimos sítios no norte do País, pela calada da noite. Assim se poderia explicar o que aconteceu nos últimos dias.

Não foi isso que o primeiro-ministro Luís Montenegro fez, na sua declaração ao País sobre os fogos que devastaram o Norte do País desde o dia 15 de Setembro. Que me lembre, pela primeira vez um chefe de governo português admitiu que os fogos rurais podem ter origem criminosa. Podem agora ouvir-se mil justificações tendentes a menosprezar a “coragem” que teve, mas o certo é que não estamos habituados, eu pelo menos não estou, a que os nossos governantes nos falem Verdade, nos Fogos, na Saúde e nas medidas que tomam na governação.

Pelos comentários que li, é provável que os fogos também acendam debates ideológicos e políticos, tanto mais que o Presidente da República já anunciou que haverá eleições se o Orçamento do Estado não for aprovado e o PS irá recorrer à sua experiente máquina de propaganda para evitar uma aproximação do Chega ao PSD, ou do PSD ao Chega, tanto faz...

A Democracia em que vivemos pode dar-nos alguma liberdade de expressão mas a luta dos partidos pela glória de mandar supera sempre os seus esforços a Bem da Nação… Creio que é a razão principal de algumas saudades que tenho do “salazarismo”.

 

Os fogos rurais têm sido um dos temas dos meus artigos, pelo menos desde que o concelho de Abrantes foi palco de incêndios devastadores em 2003 e 2005, em que nos ardeu uma casa na Pucariça, com bombeiros vindos dos arredores de Lisboa, à porta, sem quererem acudir porque não tinham água e não tinham vindo para salvar casas. Quando pessoas nossas amigas lhes disseram que havia um tanque cheio, junto à estrada, a 200 metros, meteram-se no carro e fugiram.

Há 7 anos, em19 de Agosto de 2017, escrevi OS FOGOS DA NOSSA MEDIOCRIDADE de onde vou transcrever este pedaço.

 

Passaram duas semanas. Estamos já na primeira semana de Setembro.

São Pedro resolveu dar uma ajuda aos bombeiros e mandou chover a cântaros. Voltou o calor e o aviso do IPMA de elevados riscos de incêndio, mas por milagre, não tem havido muitas “ignições”. Terão os maluquinhos recuperado o juiz, os imprevidentes ganhado boas prácticas de trabalho, os terroristas encartados tido mais que fazer noutras paragens, ou, missão cumprida, os mandantes dos incendiários não arriscam mais na época de fogos deste ano, com medo de serem descobertos?

O artigo do Público “Justiça investiga ramo português do “Cartel do Fogo” e a notícia de ter sido preso um bombeiro por fogo posto, permite-me ter a esperança de ainda ver explicados alguns destes mistérios:

1 - O artigo do Público sobre o Cartel do Fogo não ter sido referido em nenhum noticiário da TV.

2 - O silêncio que tem havido em Portugal sobre estas investigações, iniciadas em Espanha há mais de um ano.

3 – A razão da sanha do BE contra os eucaliptos.
4 – A perspicácia de quem descobriu, em Pedrógão, a árvore onde teria caído
      o raio da trovoada seca que não existiu.
5 – Vermos constantemente, nas reportagens das televisões, aviões e
      helicópteros apontados como salvadores de situações desesperadas.
6 – A brandura das penas aplicadas aos poucos condenados por fogo posto.
7 – A omissão, na comunicação social, dos nomes dos condenados.

8 – A percentagem de 97% dos inquéritos a fogos postos serem arquivados.

9 – O aparente absurdo de em Mação (por iniciativa da Câmara) e em
     Abrantes (pela acção da Associação de Agricultores e da gestora da ZIF)
     ter havido gestão da floresta, com estradões, aceiros e pontos de água e tudo
       ter ardido da mesma maneira que ardeu nos concelhos em que nada tinha
     sido feito.

 

Já começaram a surgir reações às medidas anunciadas por Luís Montenegro.

Um conhecido jornalista do Expresso escreve que as culpas todas são das alterações climáticas!

Um ex-ministro do PS, que devia estar calado, critica a morosidade do Governo…

 

Começo a pensar seriamente em emigrar. Mas para aonde? 

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