Em Portugal existem mais de 400 espécies de aves em estado selvagem, com uma distribuição diversa, consoante a área geográfica, estação do ano ou habitat, mas as aves mais comuns frequentam normalmente os meios urbanos e fazem parte do nosso dia-a-dia apesar de, muitas vezes, não nos apercebemos da sua presença e ser necessária alguma atenção para repararmos nelas e na sua diversidade.
Nesse sentido, os jardins das nossas casas e os jardins e parques urbanos nas vilas e cidades dão-nos a possibilidade de observar diferentes espécies que vivem ao nosso redor. Algumas destas espécies nidificam em cavidades, ou seja, fazem os seus ninhos em cavidades de árvores velhas ou em fissuras de edifícios antigos. No entanto, nos ambientes urbanos, as árvores mortas ou doentes são muitas vezes removidas por razões de segurança, diminuindo a disponibilidade de cavidades para estas aves construírem os seus ninhos e se reproduzirem.
As caixas-ninho (ninhos artificiais para aves feitos em madeira) são consideradas uma boa solução para assegurar a reprodução destas aves em meios urbanos, contribuindo para aumentar a disponibilidade de cavidades no habitat. A sua instalação e consequente ocupação contribui para conservar a biodiversidade local e manter o equilíbrio natural de insectos nas zonas urbanas, uma vez que muitas destas aves se alimentam de insectos.
Nesse sentido, a 30POR1LINHA – Associação Sociocultural e Ambiental tem desenvolvido vários workshops de construção de caixas-ninho para o público em geral em parceria com algumas entidades da região do Médio Tejo. Por exemplo, entre 2020 e 2021 em parceira com o Município de Torres Novas, colocámos em prática o Projecto NAPA – Ninhos Artificiais Para Aves, instalando caixas-ninho nos jardins e escolas da cidade.
Como acreditamos que cada um de nós pode fazer a diferença, deixamos algumas dicas para quem também queira contribuir para aumentar a disponibilidade de cavidades nos seus quintais e jardins: a instalação, deve ser realizada entre os meses de Novembro e Janeiro, de forma a que as caixas-ninho deixem de ser um elemento estranho no habitat e na época de escolha do local para fazer o ninho (início da Primavera), as aves já estejam familiarizadas com estes novos elementos e possam aproveitá-los.
Como existem diferentes espécies de aves, também existem diferentes tipos de caixas-ninho, pois cada espécie tem diferentes preferências. Assim, antes de construirmos ou comprarmos uma caixa-ninho, é importante saber quais as espécies de aves que existem na área onde as pretendemos colocar.
Também devemos ter em conta o seguinte: devem ser construídas com madeira natural e de preferência, não tratada; as tábuas/peças devem ser pregadas ou aparafusadas entre si (não usar cola); a dimensão do orifício de entrada deve ser determinada em função da(s) espécie(s)-alvo (por exemplo com orifício circular de 25-28mm poderá atrair o Chapim-azul; de 28mm a Carriça; de 28-30mm o Chapim-real; de 32-35mm o Pardal-comum; de 25-30 a Trepadeira-comum; de 28-32mm a Trepadeira-azul; de 40mm o pica-pau...) Já as caixas-ninho com um género de “janela” (em vez do orifício redondo) poderão atrair piscos de peito ruivo, rabirruivos, melros ou tordos.
A limpeza anual das caixas-ninho é também uma questão importante de forma a diminuir a passagem de parasitas entre as diferentes posturas, assim as caixas-ninho devem ter uma parte que permita o acesso ao seu interior e a limpeza deve ser feita no final do Verão. Por vezes temos tendência a colocar algum material no interior da caixa, mas não devemos fazê-lo pois são as próprias aves que escolhem e recolhem os materiais que consideram mais adequados para o seu ninho. Não devemos colocar poleiros, assim minimizamos a perturbação por outras espécies e dificultamos o acesso a predadores.
A entrada da caixa-ninho deve ficar protegida dos ventos dominantes de norte ou oeste, com o orifício voltado a sul ou este. A caixa-ninho não deve ficar exposta ao sol directo para não aquecer demasiado e devemos ter em atenção que não fique facilmente acessível por parte de gatos ou outros predadores (longe de ramos ou outras estruturas que permitam esse acesso).
Após a colocação da caixa-ninho devemos evitar perturbação no local e após a caixa-ninho ser ocupada não é recomendado a sua abertura, uma vez que as aves podem abandoná-la, mesmo já com ovos ou crias no seu interior.
Existem várias páginas na Internet com esquemas de montagem ou vídeos com tutoriais fáceis de seguir, mas caso surjam dúvidas poderão sempre entrar em contacto com a 30POR1LINHA através do e-mail: atrintaporumalinha@gmail.com
E agora? Mãos à obra? A época da colocação das caixas-ninho está a chegar!