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21 OCT 2024
OPINIÃO | "Dinâmicas Locais"
Por Jornal Abarca

O período de verão, seja em que lugar for do nosso país, do mais urbano, ao mais recôndito, é indubitavelmente marcado pela realização de festas/arraiais populares, num claro sinal daquilo que é a dedicação e apego que as pessoas têm às suas terras, às suas gentes, às suas comunidades. Os tais carolas que teimam em não deixar definhar as suas associações, os seus clubes e que têm neste tipo de eventos uma forma de angariar as verbas necessárias para garantir toda a sua atividade, ou grande parte da mesma, no resto do ano.

Seja de cariz social, cultural ou desportivo, pois cada uma persegue um determinado fim, e num momento em que os apoios dos tecidos empresariais e comerciais não é o mais desejado, a promoção das festas locais assume uma importância desmedida na procura daquilo que acaba por ser o sustentáculo das atividades que desenvolvem.

No que concerne ao plano desportivo, muitos são os clubes que, ao invés de ficarem reféns de um qualquer apoio autárquico, veem os seus dirigentes arregaçar as mangas e num trabalho árduo e abnegado, abdicam do seu descanso mais que merecido para trabalhar em prol dos mesmos. Das muitas crianças e jovens a quem é proporcionada a prática desportiva, alimentando sonhos, mas acima de tudo contribuindo para o seu crescimento de forma saudável e imbuídos de um espírito de camaradagem que só o futebol consegue oferecer. Que só nós conhecemos. Porque o vivenciámos e continuamos a vivenciar, de forma genuína e pura. Sem hipocrisias ou expedientes para alcançar outros fins que não os mais desejáveis.

Mas voltando às festas e sua importância como interessa aqui relevar, são também as mesmas um meio de agregar pessoas em torno de um determinando objetivo, de mobilizar diferentes gerações, jovens e menos jovens, cada uma com a sua experiência de vida, mas em que todos sentem natural prazer em estar envolvidos, em fazer parte de algo em que podem contribuir para um verdadeiro sentido de comunidade. Que ajudam a fortalecer laços e por consequência a dinâmica dos próprios clubes, dos seus associados e que ao domingo, aquele que será sempre o nosso dia, a plenos pulmões, gritam, saltam, festejam, cada golo das suas equipas, sejam elas de que escalão forem, mas cujo símbolo será sempre a razão maior da sua existência, da sua paixão.

Com outra curiosidade que em muitos casos passa despercebida ao comum dos mortais e que demonstra bem aquilo que é o altruísmo, o amor aos seus clubes. Onde o presidente veste a pele de cozinheiro, de assador de frangos, de tirador de cerveja, em que os estratos e classes sociais se misturam e se confundem num só, sem distinção. Porque só assim faz sentido. Porque só assim se constrói um puzzle onde todos cabem, onde todos têm lugar. Não por si, mas por todos. É esse o seu maior desígnio.

E como não me canso de “apregoar”, Ser dirigente nos tempos atuais não é para todos nem para os que querem. É apenas para aqueles que querem dar algo de si sem esperar o que quer que seja em troca, a não ser a sua satisfação pessoal por contribuir para um bem comum, tão poucas vezes reconhecido”. 

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