Iniciado mais um ano lectivo.
Na mochila transporta o sonho e o peso de mudanças importantes.
Os cadernos cheiram a novo e terá todo o cuidado para os manter imaculados.
Mas, sabendo já que a perfeição não existe, comprou um corrector, porque num ou noutro momento enganamo-nos - ou erramos, mesmo - e tentará disfarçar com aquela fita branca que lembra um penso rápido numa ferida aberta.
Entrámos no outono.
Depois do calor incendiário, já se sente frio no caminho para a escola. As folhas já estão a mudar de cor e a quererem voar para longe da rotina. Escorregam pelos pára-brisas dos carros para relembrar os proprietários mais distraídos que o tempo não tira férias.
Sente-se mais velho e responsável. Tem os objectivos de vida bem definidos, ao ponto de ter pedido um relógio de pulso. O telemóvel tem outro propósito.
Está na hora de gerir melhor o seu dia. Cresceu o suficiente para saber que as vinte e quatro horas são curtas para tantos afazeres, sonhos incluídos.
Já se fala em exames, universidade e carreira.
Quem já passou por isso anseia que desta vez se cumpra essa sequência feliz, em nome do bem-estar emocional, de uma vida digna e com realização.
A pressão existe e acompanha o medo da mãe que faz tudo o que está ao seu alcance para que não lhe faltem as ferramentas necessárias. A média é fundamental, mas o alojamento é um tópico preocupante.
Até lá - e é um saltinho - que as políticas mudem e que se sarem as feridas para um percurso académico cheio de esperança.