A Festa da Ascensão, em Bemposta, é um símbolo para os naturais da freguesia. Este ano, cabe à Sociedade Recreativa e Musical a organização dos festejos e o programa vai ser muito diversificado, segundo Filipe Oliveira, presidente da direcção da associação.
Como surgiu a oportunidade da Sociedade Recreativa organizar a festa?
Enviámos essa proposta à Junta de Freguesia, entidade que delibera quem realiza o evento. O nosso projecto foi aceite, pois visa angariar fundos para a recuperação do edifício sede e promover uma festa virada para a cultura e para o povo.
Para isso, é necessário pensar nos possíveis lucros?
Para nós, o fundamental não é o lucro, mas sim arranjar motivos, através de um programa diversificado, para as pessoas virem. Para além dos artistas, teremos torneios de xadrez, de sueca e exposições, entre outras actividades. É nossa intenção promover um intercâmbio com a população.
Quanto a apoios…
Contamos com a Câmara Municipal de Abrantes, Junta de Freguesia de Bemposta, patrocinadores (a maioria da localidade, embora existam outros exteriores), apoio por parte de outras associações e o trabalho dos festeiros. Em Bemposta, a Festa da Ascensão ainda mexe com as pessoas. Existe bairrismo. É um símbolo, não só para as pessoas de Bemposta, mas também para as que cá já residiram. Muitas delas chegam a marcar as férias para virem nesse fim-de-semana, irem à festa e estarem com a família.
Sendo um daqueles jovens que não fugiu da terra, como vê a Bemposta actualmente?
Está um pouco parada, mas com perspectivas de mudança. Penso que o loteamento irá permitir a fixação de novas famílias. Recentemente, abriu uma óptica e fala-se na vinda de um dentista. O posto da Guarda Nacional Republicana é outra das possibilidades. Muitos jovens foram residir para fora. É difícil voltarem. Mas os que cá estão não deveriam abalar. Se estes projectos se concretizarem há melhores condições para se fixarem.
E quanto ao associativismo…
Estou há muitos anos ligado ao associativismo, mas considero que está um pouco morto. Criou-se a ideia de que são sempre os mesmos a fazer, logo outros não se interessam porque as coisas aparecem feitas. Só que participassem nas realizações, já era bom.
Em termos de associativismo é sempre difícil realizar actividades que congreguem jovens e menos jovens. Como vê este problema?
Uma das formas de contornar esse problema, penso ser através da realização de actividades para os mais jovens, de forma a que os mais idosos também tenha a possibilidade de participar. Recentemente, realizámos um passeio de BTT em que o mais jovem tinha seis anos e o mais velho oitenta e dois. No entanto, havia uma percentagem elevada de pessoas acima dos cinquenta anos.
Comunga da ideia de que a televisão afasta as pessoas destas instituições?
Sim, mas não só, os computadores, a internet, faz com que, principalmente, os jovens não saiam de casa para ir à sua associação. Eu, quando era mais novo, ia à colectividade para estar com os meus amigos. Actualmente, os jovens, em casa, através do computador, conseguem falar uns com os outros.
O plano de actividades tem vindo a ser cumprido?
Sim, dentro do possível. Temos em funcionamento uma escola de música, o que constitui uma das principais apostas, com duas dezenas de alunos. Em colaboração com a junta de freguesia, temos em funcionamento um espaço de internet. Mantemos o bar aberto, como uma fonte importante de receitas. Para Julho, temos agendado a festa de comemoração dos 50 anos da colectividade, sendo o dia 6 de Julho a data da fundação. O programa, em fase de elaboração, desenrolar-se-á no fim-de-semana seguinte. Para já, projectamos uma exposição sobre a efeméride. Um mês depois, decorrerá o tradicional torneio de futebol de três. Quanto ao festival de bandas de garagem, só se realizará perto do Natale preparamos algo de diferente. Com orientação do formando João Rosa, estamos a ministrar um curso de informática.
A associação edita o boletim «Bemposta Informa»…
Uma ideia que surgiu há cerca de dois anos e que tem contado com o apoio da junta de freguesia, da câmara municipal e das associações da freguesia. As pessoas têm colaborado é já lá vão dez edições publicadas. Trata-se de uma publicação gratuita em que cada um dá o que quer. Em termos de conteúdo, cada colectividade ficou incumbida de noticiar o que se passa na sua associação e na localidade onde está sedeada. Além disso, há algumas pessoas que colaboram com outro tipo de trabalhos.
Com meio século de existência, a associação tem uma bonita idade para olhar para a frente…
Esta casa, pelo facto de ter meio século, está intimamente ligada a todos os bempostenses. Todos têm algo que se relaciona com a colectividade. Daí que a nossa grande aposta, para o futuro, seja a recuperação da colectividade, a qual é um marco histórico para a nossa terra.