Festa rija em Monte Penedo (Mação), há 20 anos que não nascia uma criança na aldeia
Quando Francisco deu o primeiro grito, não imaginava que o seu nascimento seria tão saudado. Para além da ternura do olhar de sua mãe, os sinos da pequena igreja de Monte Penedo quase tocaram a rebate. Há duas dezenas de anos que não nascia uma criança na aldeia.
Marília e Vítor deixaram a sua terra, o Bombarral, e rumaram até esta região. Motivo: Vítor veio cumprir o serviço militar em Santa Margarida. É então que a Marília arranja trabalho numa unidade fabril de Montalvo. Passam a residir em Abrantes, onde se mantiveram durante oito anos.
Ao acabar de cumprir o serviço militar, Vítor começou a trabalhar numa empresa em Abrantes. No entanto, habituados a uma zona mais rural, decidiram mudar-se para Monte Penedo, localidade da freguesia de Penhascoso, concelho de Mação, onde residem há seis meses. “Uma casa de campo, para ter uma vida mais sossegada. Para recordar a zona agrícola de Bombarral”, explicam as razões dessa sua decisão. Aí nasceu o seu segundo filho, o Francisco.
O baptizado do novo habitante de Monte Penedo foi no sábado, 28 de Outubro, e houve festa na aldeia. A Associação de Melhoramentos de Monte Penedo, Ribeira de Boas Eiras e Espinheiro cedeu as instalações para o almoço. Os pais da criança teceram “rasgados elogios” à atitude dos dirigentes da colectividade por ter “disponibilizado as instalações para a festa. São todos nossos amigos”.
Visivelmente satisfeito, encontrava-se Acácio de Matos Loureiro, natural de Mouriscas que reside em Monte Penedo há 50 anos: “Este baptizado é muito bonito e torna a aldeia mais conhecida. Há vinte anos que não se via coisa igual”.
Idalina Matos, presidente da direcção da colectividade, explicou que este tipo de iniciativas “são armas” para “agitar” a aldeia. “Estamos muito gratos aos pais desta criança, pelo facto de terem aceite realizar o baptizado na associação”, acontecimento “muito importante”, quanto mais não seja “pelo significado do reinício após 20 anos de pausa”.
Pausa é algo que a Idalina Matos não conhece. “As nossas aspirações são muitas. Se não andamos mais depressa é porque o dinheiro não chega. Nós pensamos muito alto e muito rápido”, disse, para logo rematar que “tudo leva o seu tempo a concluir e a concretizar”. Mas como a vida não pode parar, já está previsto outro baptizado para a Primavera.