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01 JAN 2007
QUATRO GLÓRIAS DO TRAMAGAL SPORT UNIÃO
Por SILVINO NUNES

 

José António, Félix, Chico e João Baptista, ex-guarda-redes do Tramagal Sport União, marcaram uma época no clube tramagalense: “Passámos ao lado de uma grande carreira”, dizem.

 

Nos anos 70, José António integrou equipas desde os iniciados até aos juniores. Desses tempos guarda “recordações, muitas e boas. Excelentes!”, e um álbum cheio de fotografias. 

Saiu do Tramagal para estudar. Durante quatro anos, jogou em equipas da segunda divisão, entre elas Oliveira do Douro e Marco de Canavezes, onde singrou devido “à boa escola do TSU”. E, o encontro que mais o marcou foi disputado no Estádio da Luz, com o Benfica. A sua equipa perdeu por onze a um, o golo de honra dos tramagalense. Na altura, recorda: “Fui considerado o melhor jogador em campo”, mais uma vez, devido “à boa aprendizagem no TSU”. Nesse tempo, jogava-se por amor à camisola e pelo gosto de dar uns chutos na bola, agora “ganham muito dinheiro” e nem sempre se “esforçam para jogar melhor”. 

“Até se pagava para jogar”, acrescenta João Baptista e reforça: “Não tínhamos prémios de jogo... Era uma dor de cabeça para arranjar transporte e acabávamos por ir nos nossos carros.... Jogávamos sem condições, mas tínhamos o prazer e o gosto de jogar à bola, e de representar o Tramagal”.

A conversa entre as quatro glórias do TSU ia-se desfiando. Os ex-jogadores encontraram-se, em Dezembro, no jantar anual da comunidade tramagalense, radicada na área da grande Lisboa, e basta uma pequena deixa para nunca mais acabar de recordações.

Félix, o mais velho de todos, não conteve as lágrimas ao recordar os vinte anos em que jogou no clube da borboleta. “Hoje não se joga por amor à camisola”, desabafou. Embora residente na grande Lisboa, vai acompanhando os resultados do clube da terra que o viu nascer e sofre sempre “que o TSU anda nos lugares inferiores da tabela”. 

João Baptista integrou o plantel como juvenil, mas por motivos profissionais abandonou o futebol. Anos mais tarde, o seu pai, João Baptista, mais conhecido pelo Sargento Batista, então dirigente, disse-lhe que o clube estava em dificuldades de arranjar guarda-redes. Aceitou o desafio para substituir o João Félix, pessoa que para si “é uma grande referência do desporto regional”, disse elogiando o amigo. Nesses tempos, jogava-se para ocupar os tempos livres: “Todos os domingos era espectacular”.

Chico jogou no TSU de 1976 a 1986, sendo considerado pelos outros jogadores como “uma pessoa sempre bem disposta”. Na actualidade, o que mais o preocupa é o facto do campo do Comendador “não ter condições condizentes com o clube e com a vila”, mas compreende que “para isso é preciso dinheiro”. 

Estava dado o mote para a conversa mudar de rumo. “As infra-estruturas do campo Comendador Eduardo Duarte Ferreira, que foi um dos melhores da zona, actualmente devem ser das piores”, opinou José António.

Félix, por seu lado, não se conforma pelo facto de nunca lhe terem oferecido uns calções e uma camisola: “Fiz um contrato verbal em que a única coisa que exigi era darem-me um equipamento quando deixasse o clube. Fizeram-me uma festa de homenagem...”

Para João Baptista, o seu pai, não sendo de Tramagal, fez muito por essa vila e ainda não foi reconhecido como devia: “As pessoas é que sabem... No tempo de vacas magras ele e outros aguentaram o clube”. 

As críticas estendem-se ao comportamento da população. José António dá toda a razão ao amigo e acrescenta: “As pessoas que deram algo à terra, ainda que pouco, não são reconhecidas. Não fica bem para o Tramagal. Espero que a situação mude”. 

O mesmo desejo é formulado para o apoio ao clube: “Querem ver futebol, criticam, mas ajudam pouco. Os directores têm ideias e querer, mas os tramagalenses devem apoiar. Nestas coisas, as pessoas de Tramagal dão sempre um passo atrás, são pouco solidárias.” E para justificar o que afirma, José António exemplifica com o “pote” que é posto à entrada do campo para receber donativos: “Os associados em vez de contribuírem, olham para o lado”, conclui.

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