Um mini “bem afinadinho”, que “dá cartas” a um Maserati, Ferrari ou Porsche, levam António Alexandre ao pódio do campeonato nacional de perícia automóvel.
Campeão nacional quantas vezes? “Já nem me lembro, mas tenho andado sempre no pódio”, responde António Alexandre que conta com cerca de 2000 prémios no seu palmarés. Mais conhecido por Alex, tem 54 anos e faz perícia automóvel há 30. Do mundo automóvel é a disciplina que mais gosta, embora já tenha praticado autocross e rallys.
Movido pela paixão por carros, é também proprietário da Carpego. “As corridas ao fim de semana são o escape”, declara António Alexandre, afirmando que a “perícia automóvel é emoção”. Durante o percurso de cada prova fazem-se peões com os carros e slalom, ou seja, contornam-se obstáculos. “É uma luta contra o cronómetro, é o carro que liga e desliga a célula. A condução tem de ser muito cuidada, minuciosa. Se não fizermos tudo bem, há sempre um dos outros que faz e ganha”, explica o piloto. “Ganha-se ao centésimo de segundo e às vezes ao milésimo”. Enquanto nas outras disciplinas se pode falhar e recuperar mais tarde, na perícia automóvel “não há hipótese. No arranque pode perder-se a corrida”. Por isso, o carro tem de ir “bem afinadinho para ganhar”, sendo indispensável uma boa carroçaria, um bom motor, uma boa caixa e um bom autoblocante para fazer “aqueles peões tão certinhos”. António Alexandre compete com um mini “super preparado” desde o motor, direcção eléctrica assistida, suspensões, rodas… “O mini é só a aparência”. É um carro que faz 3,4 segundos dos 0 aos 100 km. “Parecido com isto, só um Maserati, Ferrari ou Porsche é que consegue arrancar a esta velocidade. Estes minis dão cartas a esse tipo de automóveis que têm 400 cavalos”. Embora tenha apenas 140 cavalos, o mini “tem uma relação de pesopotência fora de série, pesa 400 quilos”.
Preparar um automóvel destes não é fácil, tem de ser um “conjunto muito perfeito”. O carro tem de ter “força para sair dos peões. Se tiver um rapport muito longo fica com muita velocidade, mas depois não tem força na saída”. Para além deste mini, António Alexandre tem mais dois, mas como “uma equipa ganhadora não se mexe, vou continuar com este”.
Para as provas também é essencial levar algum material suplente como pneus, já que não se sabe qual o piso que se vai encontrar, e algumas peças, normalmente transmissões.
Quanto aos treinos, António Alexandre afirma que não são necessários. “O treino é a corrida, já está feito, já são 30 anos”. O mini passa a semana em cima do atrelado, a não ser que seja necessária alguma reparação.
O Campeonato Nacional, organizado pelo Slalom Clube Portugal, decorre de Fevereiro a Outubro. São 24 provas que se realizam, normalmente ao fim de semana, de norte a sul de Portugal e em Espanha. Há ainda muitas provas particulares, como as promovidas pelas associações humanitárias com o intuito de angariar fundos.