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01 NOV 2007
ESPECTÁCULO ÚNICO E ESPONTÂNEO
Por SÓNIA PACHECO

 

Golegã, a Capital do Cavalo, acolhe um dos mais antigos eventos de Portugal e da Europa, “um espectáculo único e espontâneo”, segundo Veiga Maltez, presidente da Câmara Municipal. “Uma feira que, enraizada na tradição popular portuguesa, é uma súmula de memórias e saberes que chegaram até nós de geração em geração”. É a XXXII Feira Nacional do Cavalo, a IX Feira Internacional do Cavalo Lusitano, é a Feira de S. Martinho. É “tempo de euforia”.

 

Simbiose entre o passado e o presente

Veiga Maltez afirma que cada edição desta Feira “é uma cópia corrigida e aumentada” porque este evento “é sempre uma simbiose entre aquilo que aconteceu e aquilo que acontece”, sendo fundamental “conservar o que o passado nos deixou, conjugando-o com o presente”. Deste modo, embora o cavalo sempre tivesse sido “dignificado” durante o S. Martinho, era importante implementar uma vertente científico-cultural e hoje a Feira integra exposições, congressos, seminários, colóquios, lançamentos de livros e workshops.

No entanto, é igualmente necessário impor regras já que o número de cavalos aumentou, assim como, o tráfego automóvel. “Quem anda a cavalo tem de ter uma atitude responsável” e quem anda de carro tem de circular com regra. Para os primeiros, a Feira disponibiliza este ano uma nova manga. Para os segundos, celebrou-se um acordo com a CP no sentido de permitir que as pessoas se dirijam à Golegã de comboio e a Câmara Municipal assegura um transfer que também transportará quem deixar os carros nos parques à entrada.

O autarca destaca como pontos altos do evento, o Concurso Nacional Oficial de Apresentação do Cavalo de Sela, “o concurso mais nobre da Feira”, assim como a Gala Lusitana Paixão e a presença da École Nacional d’Équitation de Samur para um colóquio luso-francês.

Relativamente à Feira Internacional do Cavalo Lusitano, o presidente da Câmara afirma: “Sempre achei que a Feira do Cavalo Nacional não era a Feira do Cavalo Lusitano, por isso, fazia todo o sentido criarmos esta feira para que houvesse um espaço próprio para o cavalo Lusitano” e onde pudessem participar, em iguais circunstâncias, cavalos Lusitanos nascidos em qualquer parte do mundo.

Capital do Cavalo

“Em 1998, achávamos que a Golegã tinha conteúdo, carga e substrato para ser a Capital do Cavalo, mas teria de ser a tempo inteiro”. Veiga Maltez considera que, antigamente, o cavalo só era exaltado em tempo de feira e “entrava-se quase num síndrome ansioso-depressivo o resto do ano”.

Era importante proclamar a Golegã como Capital do Cavalo, mas, para isso era igualmente necessário dotar o concelho de infra-estruturas e de equipamentos que possibilitassem que o cavalo fosse “vivificado”. Embora existam cavaleiros de elite, “o cavalo é de todos e para todos” e, também por isso, introduziu-se, pela primeira vez, a equitação como complemento curricular nas escolas do concelho.

Por outro lado, foi “reabilitado o peso e a grandeza que a Golegã teve” na vertente de toureio e criou-se a Escola de Toureio da Golegã, assim como foram levados a cabo diversos projectos. Para além do Equuspolis, a Rede Europeia de Cidades do Cavalo EURO EQUUS une as capitais do cavalo de Portugal, Espanha, Bélgica e República Checa e o projecto PEGASO integra Portugal, Irlanda, Espanha e Inglaterra com o objectivo de desenvolver as empresas que tenham por base o cavalo.

Outra iniciativa implementada foi a Expoégua. Segundo o autarca as éguas, “até uma determinada altura, foram menosprezadas”, mas com a introdução de mecânica agrícola deixaram de ser éguas de trabalho, passando também a ser éguas de desporto. Assim, “fazia todo o sentido que a Capital do Cavalo as exaltasse e dignificasse”. A Golegã esteve ainda presente na fundação da Escola Nacional de Equitação e da Associação Alter Real.

Demasiado importante

Acontecimento “demasiado importante”. É assim que o presidente da Junta de Freguesia da Golegã, Constantino Gaudêncio Lopes, classifica a Feira. A junta apoia o certame desde a primeira hora e está presente em todos os acontecimentos. “Estamos presentes desde que sejamos convidados, como isso acontece sempre… Estamos sempre”.

Para além do apoio incondicional, a Junta oferece o troféu da Taça de Portugal em Horseball e co-financia o Open da Golegã.

Este ano, pela primeira vez, não se realiza o concurso de montras, pelo “desinteresse” dos potenciais participantes. “Não vale a pena”, diz o autarca, “as pessoas nem sequer vinham levantar os prémios, embora fossem significativos. Por isso, desistimos”.

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