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07 ABR 2011
SEMANA SANTA NO SARDOAL
Por RICARDO ALVES

 

Os rituais religiosos, as procissões, o encontro da população sardoalense com a sua história e a sua fé. Os costumes são antigos, muito antigos, e continuam a juntar muitos populares nas ruas e capelas da vila

 

Onde tudo começou dava um livro, muitos. Decerto já muitos foram escritos, a maior parte deles demasiado antigos para que o comum dos mortais possa ter acesso aos mesmos. Fica então a história e as histórias que passam pelas populações de boca em boca, olhar em olhar, pensamentos partilhados e crenças humanas.
A Semana Santa no Sardoal é uma festa que congrega muitos esforços, a participação de muitos populares, de todas as idades. Na Escola E.B. 2,3/S Drª Maria Judite Serrão Andrade, os preparativos para a Semana Santa são feitos com a participação de professores e alunos. Sílvia Serrano, professora e membro do Conselho Executivo da escola conta o envolvimento dos alunos na planificação da Semana Santa. “Durante alguns anos tivemos uma participação não oficial mas enquanto direcção decidimos oficializar a questão. Há um concurso em que se avaliam os desenhos feitos pelos alunos, cujo responsável é o professor Júlio Leitão. Depois de escolhido o vencedor leva-se a areia para a Capela do Senhor dos Remédios, onde o tapete ficará exposto, para que se possa fazer a matriz do desenho e de seguida vai-se às flores, totalmente campestres”. As flores campestres serão posteriormente colocadas na matriz e o resultado faz a delícia de quem entra na Igreja. “Fazemos pelo menos quatro viagens de carro, com o porta-bagagem cheio de flores, porque só utilizamos as pétalas!”. 
Para o comércio a Semana Santa também é importante, sendo garante de movimento e clientela. Desafiado pelo seu ex-sócio e primo, para abrir o restaurante/bar no Sardoal, Joaquim Ramos, ou ‘Kicas’ como é carinhosamente conhecido no Sardoal, não tem dúvidas em afirmar que “a Semana Santa é muito boa para o comércio da vila”. O seu estabelecimento, o ‘Quatro Talhas’, referência gastronómica do Sardoal, situa-se em pleno coração da vila, junto à rotunda do pelourinho, e o edifício onde está instalado pertenceu à família dos Almeidas e D. Manuel I ali “convalesceu durante períodos de doença”. Kicas chegou ao Sardoal vindo de Ovar há oito anos, e aí escolheu trabalhar e viver. “São festividades muito bonitas, eu próprio visito as capelas quando posso, quando não estou a trabalhar”.
Já Arnaldo Cardoso, ex-presidente da Junta de Freguesia do Sardoal, é um decano das festividades religiosas. “Desde pequeno que vivo estas celebrações. Dantes eram os populares que enfeitavam os seus locais que enfeitavam as capelas próximas das suas habitações, agora há o envolvimento das escolas e dos lares, os desenhos actuais… Não há dúvida de que é uma raiz que se tornou árvore”. Para Arnaldo Cardoso o movimento económico que a Semana Santa traz ao Sardoal é positivo. “Turismo religioso é uma expressão bonita, não é destruir, é actualizar, manter a raiz e dar-lhe o turismo. Ninguém consegue destruir a essência”. Conhecedor e amante profundo destas festividades, Arnaldo Cardoso enaltece o valor da catequese aos adultos. “A humanidade precisa fazer isso, é difícil fazer catequese aos meninos sem que assim seja: o avô fez, o pai fez, os filhos também querem fazer”. 
A Semana Santa no Sardoal decorre de 9 a 24 de Abril.

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