Decorre amanhã, dia 19, a partir das 9h00, nas Grutas de Lapas (Torres Novas), o II Fórum “Património Natural, Etnográfico e Arqueológico. A salvaguarda dos valores patrimoniais do Maciço Calcário Estremenho” é organizado pelo Instituto Politécnico de Tomar – Centro de Pré-história e pela Direção-Geral do Património Cultural, com o objetivo de divulgar o património natural, etnográfico e arqueológico do Maciço Calcário Estremenho.
Programa:
09h30 – Sessão de Abertura com o vice-presidente do Instituto Politécnico de Tomar, Professor Doutor João Coroado, directora do Departamento de Bens Culturais da DGPC, Maria Catarina Coelho, presidente da Câmara Municipal de Torres Novas, Pedro Paulo Ferreira, e presidente da Junta da União das Freguesias de Torres Novas (S. Pedro), Lapas e Ribeira Branca, Júlio Manuel dos Reis Clérigo
Primeiro painel: “Património Natural”, moderado por Gertrudes Zambujo
10h20 - “O Uso Sustentável das Grutas no PNSAC”, por Olímpio Martins
10h40 - “Da Pedreira do Galinha ao Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém/Torres Novas”, por Vanda Santos e José Manuel Alho
11h20 - “Maciço Calcário Estremenho, uma paisagem modelada pela água e pelo Homem", por Maria de Jesus Fernandes
11h40 - “Conservação de habitats na Serra de Aire: um projeto para conservar a natureza e promover atividades económicas tradicionais”, por Paulo Simões e Paulo Lucas
12h00 – Debate
Segundo painel: “Património Etnográfico”, moderado por Sandra Lourenço
14h00 - “Construções de pedra seca do Maciço Calcário Estremenho - a construção da Paisagem”, por Fernando Pereira
14h20 - “No Tempo dos nossos Avós”, por Adelaide Pinto
15h00 - “O património da água nas comunidades da Serra dos Candeeiros”, por António Maduro
Terceiro painel: “Património Arqueológico”, moderado por Fernando Real
15h20 - “Trabalhos arqueológicos no Maciço Calcário Estremenho nos últimos 15 anos”, por Gertrudes Zambujo e Sandra Lourenço
16h00 - “Entre a agrura das encostas e a fertilidade dos vales. A persistência do povoamento no carso do Maciço Calcário Estremenho”, por Jorge Figueiredo
16h20 - "Reutilização de Cavidades Cársicas: o exemplo de Alvados", por Ana Rosa Cruz
16h40 - A Gruta artificial das Lapas (Torres Novas): Necrópole de transição do final do IV para o início do III milénio a.C.”, por Cátia Delicado
17h00 – Debate
17h30 - Visita Guiada à Gruta das Lapas realizada pelo Dr. Fernando Real (DGPC - Museu Nacional de Arqueologia)
“O Maciço Calcário Estremenho constitui uma unidade morfoestrutural com características muito próprias ao nível da geologia, do relevo, da hidrologia, do clima, da vegetação, etc. que pelo seu relevante interesse estão sujeitos a um regime de proteção especial, materializado no Parque Natural das Serras de Aire e candeeiros.
A paisagem do Maciço Calcário Estremenho é marcada pela presença de grutas e algares, registos fósseis de dinossauros do período jurássico, vestígios arqueológicos da presença do homem desde o Paleolítico, construções de pedra seca que denunciam ancestrais práticas agrícolas e de pastoreio, ou o aproveitamento de depressões cársicas para o armazenamento de água.
Inserida em contexto urbano e com fácil acesso, a gruta das Lapas é hoje um labirinto de galerias, escavadas na rocha, designada por tufo calcário. Esta aflora sob a povoação das Lapas, na freguesia com o mesmo nome, e ainda noutros locais a jusante, nas margens do rio Almonda, no concelho de Torres Novas, distrito de Santarém.
Na longa história da Terra, o tufo calcário, formou-se depois da última fase da glaciação de Wurm, há cerca de 35.000 a 20.000 anos. Sendo uma rocha macia mas resistente, o tufo calcário tem sido utilizado pelo Homem, como matéria-prima para a construção.
Nas Lapas, foram identificadas também pequenas covas, que tiveram uma função funerária e ritual, durante o Neolítico final e o Calcolítico inicial (fim do IV milénio e início do III milénio a. C.).
A gruta das Lapas é uma referência cultural relevante, com interesse para a Geologia, para a Arqueologia, para o Turismo de natureza e ainda lugar de visita onde se realizam atividades diversas pela comunidade local. As cavidades deste tipo despertam, habitualmente, a imaginação popular e são a génese de várias lendas seculares que ainda perduram”.
A gruta das Lapas está protegida pela classificação legal, como IIP (Imóvel de Interesse Público) através do Decreto n.º 32.973, D.G. I Série n.º 175,de 18-08-1943.
Autoria: F Real e C Delicado