A associação ambiental Quercus criticou hoje o abate de um olival com mais de 1.400 árvores em Torres Novas, reclamando do Ministério da Agricultura a "definição de políticas claras" sobre a valorização do olival tradicional.
Em comunicado, a Quercus afirmou que o corte de milhares de oliveiras na Quinta do Bonflorido, no concelho de Torres Novas, com o objetivo de converter a área em cultura de regadio, "despreza o potencial existente para produção de azeitona e azeite de qualidade, afetando a produção do ano e a biodiversidade existente em plena primavera".
Segundo a associação ambientalista, só no caso da Quinta do Bonflorido foi dada autorização para o arranque de 1.420 oliveiras em cerca de uma dezena de hectares pela Direção Regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste à Sociedade Agrícola do Bonflorido.
A Quercus criticou o corte das oliveiras com estas "em floração e quando os animais silvestres, nomeadamente as aves, estão em nidificação, constituindo uma ação destrutiva da biodiversidade", associada aos olivais tradicionais.
O organismo assegurou ter recebido "denúncias sobre o aumento das autorizações de abate de olival tradicional" pelas direções regionais de Agricultura do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território e indicou que, "depois do Alentejo, o Ribatejo parece agora estar sujeito a esta mesma pressão devido à frágil regulamentação de proteção e à procura de subsídios comunitários por parte de alguns agricultores, sem compatibilização das culturas existentes".
No entender da associação ambientalista, esta é uma situação "reveladora de uma enorme ausência de políticas de conservação e valorização do olival tradicional" por parte do Ministério da Agricultura.
"Existem pedidos e autorizações para diversas áreas com elevada incidência no Ribatejo, nos concelhos de Torres Novas e Santarém, que totalizam centenas de hectares de corte raso com milhares de oliveiras, muitas delas seculares, mas em produção, as quais são cortadas e arrancadas para conversão em culturas de regadio", pode ainda ler-se no comunicado.
A Quercus contestou as "pretensões junto de áreas protegidas com autorização para abate de olival tradicional em dezenas de hectares, como na envolvente à Reserva Natural do Paul do Boquilobo", na zona envolvente a Torres Novas e Golegã, e reiterou a "exigência" de que o Ministério da Agricultura "defina políticas claras sobre a valorização do olival tradicional" e reveja também a sua regulamentação.
"O regime em vigor é demasiado permissivo e tem levado às situações de delapidação deste património nacional", concluem.