O Edifício Carneiro vai ser requalificado para acolher o futuro Museu de Arte Contemporânea “Charters de Almeida”.
A apresentação do projeto e a assinatura de adenda ao protocolo, entre a Câmara de Abrantes e o escultor, que concretiza as condições para o acolhimento do acervo doado, decorreu no dia 29 de março, na Igreja de Santa Maria do Castelo, junto ao Panteão da família Almeida.
Ana Maria Duarte, responsável pelo estudo técnico e científico, afirmou que Abrantes vai ter um marco da obra de um dos “mais notáveis” escultores portugueses contemporâneos. O espólio doado inclui peças da primeira fase do trabalho de Charters de Almeida que se convencionou chamar “dos bronzes”. Entre outros, inclui também um conjunto de relógios de sol trabalhados em blocos de mármore e ainda desenhos e projetos das Cidades Imaginárias, que correspondem a intervenções no espaço público utilizando materiais, como o aço, o mármore, o granito e o betão armado, como é o caso da peça exterior de grandes dimensões elevada na zona do Aquapolis, em Abrantes.
Passará a ser púbico o acervo de obras representativas das várias fases do percurso de mais de meio século da atividade artística do escultor, doadas por sua vontade à Câmara Municipal de Abrantes, que ficarão expostas no interior e no exterior do edifício, uma vez que toda a zona exterior envolvente vai ser tratada com a finalidade de ser a porta de entrada para a criação de um percurso de exposição ao ar livre até à entrada do Jardim do Castelo.
O arquiteto Victor Mestre, autor do projeto base de arquitetura para a reabilitação do Edifício Carneiro, deixou o compromisso da manutenção do traço original do carismático do imóvel.
O escultor João Charters de Almeida escolheu Abrantes para ser a guardiã da sua obra. Visivelmente emocionado agradeceu a “confiança depositada”, tendo sublinhado que “o mérito não está no que consegui fazer mas na oportunidade que me foi dada para o poder mostrar aos outros”.
A intervenção, com investimento previsto na ordem dos 1,5 milhões de euros, tem garantido financiamento através de uma candidatura que a autarquia apresentou a fundos comunitários do Portugal 2020 através da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro, no âmbito do PEDUA - Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano de Abrantes.
A presidente da Câmara destacou a importância da obra incluída numa frente de intervenções de regeneração urbana que em breve vai operar no centro histórico da cidade para recuperação de património, na qual se inclui também a empreitada de recuperação do Convento de S. Domingos para instalação do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes (MIAA). Maria do Céu Albuquerque explicou que esta é uma estratégia a integrar uma oferta de produtos turísticos que atraiam mais pessoas para o território concelhio, mas com interesse regional e nacional, diferenciando-se pela aposta na vertente cultural, lúdica e educativa.