Nas ruas de Paris saboreava com prazer visionário a sociedade sem classes, que já tinha pressentido do cristianismo primitivo, mas que agora se manifestava com mais evidência que uma nota de rodapé da Bíblia.
Foi ativista e radical a desempedrar os pavés do boulevard de Saint Michel no Maio de 1968 em Paris, esteve, portanto, no sítio e no mês que maior lastro deixaram no resto do século XX. Viveu intensamente esse tempo sobre o qual a comunicação social deitou no último mês um incenso celebrativo, mas envergonhado, de 50 anos, mas de que não restam mais do que cinzas e invenções retiradas ao ventre virtual da História. Meses antes, com 18 anos, saíra do seminário do Fundão, e depois do país, para não participar numa guerra que não era sua e porque também não sentia vocação para herói acidental, e muito menos póstumo. (...)
Um dia, ainda com os ecos dos protestos estudantis a ecoar pelas avenidas parisienses, a sua vida voltou a rodopiar. O tio, ex-legionário e pouco dado a revoluções, soubera por um patrício dos dislates juvenis do sobrinho e deu-lhe uma semana para encontrar trabalho e novo poiso. (...)
Carlos Andrade regressou em 2013 a Portugal para construir uma nova identidade. Não era a primeira vez que o fazia. (...)
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