Com 29 anos tinha uma vida próspera mas viu-se atirado para uma cadeira de rodas. Durante anos sentiu-se anestesiado mas hoje, com 56 anos, é o rosto daqueles que lutam pela filosofia de vida independente. No início deste mês saltou para a agenda mediática nacional com um protesto à porta da Assembleia da República.
Como é que ficou tetraplégico?
Tive um acidente de carro em 1991 quando ia para o trabalho, era gerente do restaurante “Nova Nora”, na Concavada, Abrantes. O veículo fugiu para um dos lados, bati num muro, dei várias cambalhotas e fui cuspido. Na altura não era obrigatório usar cinto. Não fiquei ferido, mas bati com o pescoço num tractor e parti a cervical. Fui logo operado, reestruturaram-me a coluna… do pescoço para baixo não tenho sensibilidade, a minha lesão foi C4, C5 e C6. Quanto mais alta é a lesão mais afecta os movimentos.
Qual é a sua grande luta neste momento?
Luto pela vida independente que é uma filosofia que nos permite ter assistentes pessoais que são os meus braços e as minhas pernas. Mas não basta. De que adianta ter esses assistentes que me permitam ter uma vida dita normal mas estar num quinto andar sem acessibilidades? Tem de haver um todo e há muita dificuldade em entenderem isso. Não queremos esmolas nem subsídios, queremos produzir, ter direitos, somos pessoas capazes. O IEFP anunciou que a taxa de desemprego em pessoas com deficiência aumentou 24% quando o outro é só a descer…
Do que é que sente mais falta?
Adoro abraços. Das minhas maiores mágoas é não sentir o corpo. Abraçar e não sentir a pele.
Poderá ler o resto da entrevista na edição em papel do Jornal Abarca, disponível nos postos de venda habituais.