O Agrupamento de Escolas Dr. Solano de Abreu, em Abrantes, vai iniciar no próximo ano lectivo um novo modelo de avaliação em que deixa de atribuir notas nos testes, dando preferência à avaliação contínua das competências dos alunos.
Jorge Costa, presidente do agrupamento de escolas, disse em declarações à Lusa que "o modelo, a implementar no próximo ano letivo, passa por não dar notas aos testes e outros instrumentos de avaliação dos alunos, tal como são conhecidas, mas por várias menções descritivas do seu desempenho em vários itens e em cada momento de avaliação, seja escrita ou oral, indicando onde pode melhorar o seu desempenho".
Este novo modelo pretende privilegiar, portanto, a "avaliação ao serviço da aprendizagem" deixando de catalogar os alunos com base em avaliações escritas pontuais. O futuro, para Jorge Costa, chegou mais cedo a Abrantes: é o "tomar a dianteira" relativamente a "novos critérios de avaliação e outra forma de avaliar, ensinar e aprender", num projecto idealizado e concebido no âmbito da autonomia de gestão pedagógica.
Apesar da inovação, Jorge Costa não esconde que há riscos pois "é uma alteração significativa no modelo de avaliação", fazendo notar que a partir de agora "o que se vai começar a avaliar são descritores, ou seja, as competências que um aluno consegue ter em cada domínio, em cada disciplina", num modelo que privilegia o "carácter contínuo e sistemático" da avaliação. Com isto, "o aluno deixa de carregar com uma nota negativa e é avaliado por vários descritores ficando a saber onde pode melhorar o seu desempenho em cada domínio, através de uma classificação parcelar e não através de uma nota global". Este novo modelo diferencia-se " por colocar a avaliação ao serviço da aprendizagem e de conseguir arranjar uma estratégia" para a sua execução. Com este modelo não deixarão de ser atribuídas notas de 0 a 20 no final de cada um dos três períodos lectivos, para que, através da avaliação formativa, se chegue à avaliação sumativa, atribuída no 3º período lectivo.
Esta não é, sublinha Jorge Costa, uma forma de “baixar o número de retenções, mas antes que os alunos aprendam mais e fiquem com informação mais fina para saberem o que melhorar", sendo que, reconheceu, "o sucesso da estratégia terá reflexos no sucesso dos estudantes".
José António Almeida, director do Agrupamento de Escolas de Mação, em entrevista ao abarca em Março deste ano, defendia também um novo modelo avaliativo: “O paradigma da educação é completamente novo, não se pode falar em facilitismo. A memória, que era a âncora de toda a aprendizagem é menos valorizada. Dava um teste aos meus alunos e tiravam boas notas, duas semanas depois dava o mesmo teste e as notas desciam para metade. Não posso dizer que o aluno aprendeu, apenas memorizou. O que queremos são aprendizagens mais sólidas. Queremos fazer da sala de aula uma oficina em que os alunos façam coisas. Isto não é sinónimo de falta de exigência, é um modelo muito mais atractivo e que exige muito mais ao professor porque tem de ter uma capacidade de improviso muito maior”.