À entrada quase tudo parece normal, incluindo o despovoamento que a aldeia denota. É como se uma nova peste negra assolasse o país, mas esta não dá sinais de abrandar.
As únicas notas aparentes e dissonantes de que Campo de Jales dá evidência de que é diferente neste mundo igual e condenado de um Portugal admirável mas esquecido são o Cavalete do Poço de Santa Bárbara, com a anexa Casa do Guincho, que encontramos assim que começa a descida para a aldeia e um estranho abatimento do asfalto na estrada que a torna intransitável logo a seguir. A população chama-lhe a “Torre Eiffel de Jales”, e instantaneamente se compreende a propriedade do epíteto dado ao dispositivo que se destaca sobre o horizonte como membro de direito da intrépida arqueologia industrial lusíada. (...)
A progressão da mina fazia-se na vertical, o maior poço tinha 620 metros, e por ele desciam e subiam os elevadores, mais conhecidos entre os mineiros por “jaulas”, e de onde, de 40 em 40 metros, radiavam galerias horizontais que progrediam de acordo com a presença ou não dos veios mineralizados, indo sempre no “faro” dos filões auríferos. “Depois, só deixávamos a galeria quando acabava o ouro. Os peritos iam lá, e enquanto o ouro pagasse [as despesas de exploração e os salários], as galerias continuavam a evoluir”, conta Manuel Duarte, notando que “ainda ficou lá muito ouro, os 3º, 4º e 5º pisos, a partir da superfície, não foram explorados, o terreno era mole, exigia muitos escoramentos, e os madeiros iam apodrecendo”.
Poderá ler o resto da reportagem na edição em papel do Jornal Abarca, disponível nos postos de venda habituais.