Em 2019 morreram 35 pessoas em contexto de violência doméstica em Portugal: 26 mulheres, oito homens e uma criança. As mulheres morrem às mãos daqueles a quem se entregaram; os homens, na maioria, são vítimas dos ex-companheiros da mulher. Houve ainda uma criança morta pelo próprio pai. Isto não é amor. Mas é importante as vítimas saberem que há sempre uma saída.
A 18 de Fevereiro de 2019 morreu Ana Maria Silva, natural da Chamusca, que residia em Torres Novas. Foi a única vítima mortal em contexto de violência doméstica na nossa região o ano passado, mas muitos outros casos foram registados. E centenas nem chegam a sair das mordaças do medo.
O crime de Ana Maria? Tinha deixado de amar Rui Vieira que, investido de ciúmes, a assassinou a tiro de caçadeira. (...)
Helena Pinto e Sónia Reis reconhecem que “este é um problema muito complicado porque se juntarmos filhos, dependência económica, a resignação porque o casamento é para toda a vida, a frustração, o medo, a vergonha e até a esperança de que os agressores mudem” faz com que as vítimas não procurem soluções. “Por mais que as pessoas se sintam num beco sem saída é importante que saibam que há sempre uma saída”, transmite Sónia Reis. (...)
Os traumas são, naturalmente, difíceis de ultrapassar. Nenhum familiar directo de Ana Maria aceitou falar publicamente sobre o tema. As vítimas, mesmo que hoje já independentes, mostram receio de aparecer. Até de forma anónima: “É um meio pequeno, se ele ler pode saber que fui eu”. O medo supera a coragem em muitos casos. E quando o medo é o principal sentimento numa relação, a conclusão é simples: não é amor.
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