Pedro Machado, 53 anos, natural de Coimbra, fala das dificuldades mas também das potencialidades do turismo do centro de Portugal em época de pandemia. Apoia a injecção de dinheiro a fundo perdido mas receia uma segunda vaga que seria catastrófica.
A pandemia apanhou-nos a todos de surpresa e o sector do turismo acaba por ser um dos mais afectados. Há, neste momento, alguma estimativa sobre a quebra de rendimentos no sector na região?
Em Abril houve mais de 90% de quebra. No acumulado de Janeiro a Maio há menos 92% de dormidas, com uma queda de 99,7% de dormidas de estrangeiros. O impacto económico é enorme. O Centro de Portugal gerou em 2019 mais de 355 milhões de euros directos da actividade turística, este ano já temos uma quebra de quase 60% no acumulado entre Janeiro e Junho, o que quer dizer que mais de 100 milhões de euros já se perderam. Estimávamos que 2020 batesse todos os recordes, Janeiro e Fevereiro deram a Portugal um crescimento de 13% em dormidas e a região centro estava a crescer acima de 20%. Tudo o que viermos a fazer é no sentido de recuperarmos um pouco este prejuízo. (…)
A campanha “Clean and Safe” foi criada para dar segurança aos turistas. É seguro fazer turismo no Centro de Portugal enquanto atravessamos esta pandemia?
Claro que sim! Desde que existam duas premissas: por um lado, quem recebe, tem de cumprir os protocolos e as recomendações da Direcção Geral da Saúde. Temos de aprender a viver com a Covid, as pessoas não se podem isolar porque isto vai durar muitos anos. E quem viaja tem de ter esse cuidado que não pode fazer o que fazia antes. Tudo depende da cidadania. Se todos cumprirem é seguro viajar, claro que sim. (…)
O Centro de Portugal é composto por dezenas de municípios com uma riqueza incrível. Acha que os portugueses têm noção disso?
Fernando Pessoa escreveu sobre isso, o nosso provincianismo. E temos de facto alguns defeitos, não somos só virtudes. Há duas coisas que nos caracterizam: adoramos o que é dos outros, a ideia de que o que é estrangeiro é que é bom; e aquele extasiar de olhar para as grandes obras sem dar valor às pequenas coisas. Acho que precisamos de continuar a fazer muito trabalho de promoção porque as pessoas não têm a noção da riqueza que existe na região, e estamos a fazer esse trabalho. Mas depois são as escolhas das pessoas e penso que hoje existe uma predisposição maior para descobrir o nosso país. Se nós somos considerados pelo terceiro ano consecutivo o melhor destino turístico do mundo, e o ano passado fomos visitados por 27 milhões de estrangeiros, se calhar está na altura de os portugueses perceberem porque é que o somos. Usufruam, descubram, vão à procura deste país. (…)
Poderá ler o resto da entrevista na edição em papel do Jornal Abarca, disponível nos postos de venda habituais.