Num curto lapso de tempo, a capital e o país (em menor intensidade) foram virados ao contrário… A tragédia de 1 novembro de 1755 trouxe não um terramoto, mas dois: um rápido, intenso e trágico; outro de combustão mais lenta, mas não menos profundo.
São nove horas e 30 minutos da manhã solarenga de um sábado, dia 1 de novembro de 1755, e milhares de pessoas acorreram e já encheram as igrejas, capelas e todos os outros templos cristãos da Baixa de Lisboa. É o Dia de Todos os Santos, e a sua celebração levou a maior parte dos fiéis e devotos da cidade, fustigada pela vigilância abnegada e sem piedade da Inquisição, às muitas missas que se realizam por toda a Baixa. Muitas outras pessoas, sobretudo vagabundos, indigentes, criaturas necessitadas, pobres homens e mulheres sem ter uma beira onde cair, vagueiam pelas ruas e becos da cidade numa imagem expressiva do que era então a vida quotidiana da capital do reino de D. José I - uma urbe onde abundava o ouro e o luxo, conspurcados de muito lixo e de maus cheiros. Havia ostentação e mendicidade, a gritaria dos miseráveis abafava os repiques dos sinos, e a cidade mais parecia de África do que europeia, com a profusão de gentes vindas de além do Atlântico e que chegavam como ecos devolvidos dos Descobrimentos. Era assim Lisboa!… Até que algo de muito sinistro a abalroou. Faz hoje 265 anos! Num curto lapso de tempo, a capital e o país (em menor intensidade) foram virados ao contrário…
Poderá ler o resto da reportagem na edição em papel do Jornal Abarca, disponível nos postos de venda habituais.