Os efeitos da pandemia são extensos e estão a afectar cada vez mais pessoas. Para evitar a desnutrição, quase 10% dos portugueses já recorre à ajuda do Banco Alimentar Contra a Fome. Números nunca vistos em trinta anos da associação.

Com o prolongar da pandemia, e sucessivos estados de emergência, com pontuais períodos de confinamento, essenciais para garantir a estabilidade do Serviço Nacional de Saúde, as dificuldades económicas das empresas e, consequentemente, das famílias, têm-se agravado. Neste momento, aproximadamente 450 mil pessoas recebem apoio do Banco Alimentar Contra a Fome em Portugal, um valor recorde nos 30 anos que a instituição tem. (...)

Sara Casalinho, 30 anos, é Assistente Social na Cáritas da Diocese de Lisboa, e trabalha como Técnica de Apoio ao Emigrante no Gabinete de Cascais, e estabelece a ponte para encontrarmos quem nos possa dar o seu testemunho. Pela experiência que tem no terreno, também através do voluntariado a que sempre se dedicou, reconhece que “a situação com a pandemia tem vindo a piorar bastante. Recebemos muitos pedidos de pessoas com o que chamamos de ‘pobreza envergonhada’, que vivem uma situação de que não estavam à espera”. Lembra um dos primeiros pedidos de ajuda que recebeu devido à pandemia: “Um senhor brasileiro que vendia quadros aos turistas, na zona de Belém, e fazia muito dinheiro”. Por isso, com a estabilidade financeira que desejava alcançada, cumpriu o sonho de trazer a mulher e os dois filhos “para viver com ele”. De um momento para o outro “viu-se sem qualquer fonte de rendimento com renda e contas para pagar e comida para pôr na mesa”. Sara lembra a “grande ajuda” que ofereceram, através de cabaz alimentar e apoio e, agora, “esta família está a trabalhar noutras áreas, felizmente com bastante sucesso”. Apesar de recordar esta “história com final feliz”, lembra que “há muitas histórias de famílias que, infelizmente, ainda não estão estabilizadas”. (...)

Poderá ler a reportagem completa na edição em papel do Jornal Abarca, disponível nos postos de venda habituais.