Em Sardoal, a realidade física, a história e as lendas, que ainda se contam, convivem a cada momento com o que a paisagem espontânea ou cultivada oferece e as obras construídas vão deixando à frente do nosso olhar.
Tem recantos de um grande bucolismo, alguns de funda religiosidade, outros ainda que são verdadeiras viagens de prazeres abstratos até um tempo ainda relativamente recente, mas que a voracidade dos tempos quase que já faz parecer hoje como medievais. (...)
Entrevinhas é topónimo que não engana. Foi em tempo chão que deu abrigo a boas cepas e vides frescas, e por onde cresciam também longas raízes de sobreiros e castanheiros. No final do século XIX/princípios do século XX foi tomada pela febre dos pinhais, euforia que se destinava originalmente a fixar as dunas do litoral de Portugal, mas que depois tomou conta de boa parte do país sobretudo no Interior-centro. Mais recentemente, a vertigem do povoamento vegetal transferiu-se para o eucalipto, com o empobrecimento certo dos solos, mas um retorno de rendimentos mais rápido e mais avultado. Vieram essas espécies arbóreas e foram-se as pessoas e os ofícios, como o de moleiros, artesãos, alfaiates, resineiros, ferreiros para os jumentos e até os astutos curandeiros, licenciados na ciência do logro, que distribuíam benzelhices e recolhiam moedas. Enchia-se de vida Entrevinhas e muitas outras povoações, mas hoje as ruas e ruelas, como a pitoresca Rua do Sobreiro do Gago, estão desertas, vão sem ninguém. (...)
Da Fonte Velha, próximo da vila, conta-se que havia duas lajes que tinham as suas argolas de ferro pelas quais podiam ser puxadas e destapadas, mostrando o conteúdo que cada uma tapava do respetivo reservatório. Sucede que um deles continha ouro e o outro guardava a peste, nada diferenciando as lajes que pudesse prenunciar o que escondiam por baixo. Só ao levantar-se uma delas se podia descobrir o que encerrava e, por exclusão de partes, o que ocultava a outra. (...)
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