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08 MAR 2021
OPINIÃO | "Dezassete Anos Depois", por Máximo Ferreira
Por Jornal Abarca

A dezanove de março de 2004, espaços e equipamentos do que até então era designado por “Observatório Astronómico de Constância”, passava a ser mais um Centro Ciência Viva, a juntar a alguns já existentes e promissor de muitos outros que foram (e continuarão a ser) criados por todo o país. Dezassete anos depois, é interessante comparar imagens iniciais com outras de tempos mais recentes e perceber que muitos terão sido os esforços e convicções (Autarquia, Ciência Viva-Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, entidades e pessoas ligadas ao poder central e, naturalmente, dezenas de colaboradores permanentes e ocasionais) para que se tenha alcançado o nível atual, quer em diversidade de equipamentos, quer na qualidade dos espaços onde se inserem.

No entanto, mais do que os aspetos visuais, de maior valor terá sido o contributo para a missão de divulgar ciência, ajudar estudantes de diversos níveis (desde o pré-escolar ao superior) na compreensão das relações entre o que leem ou ouvem e factos concretos, muitos deles visíveis na vida quotidiana mas só verdadeiramente compreendidos à custa de curiosidade (e algum esforço), e ainda as cada vez mais frequentes ocasiões em que avós, pais e netos se juntam em atividades que, muitas vezes, proporcionam a troca de histórias e experiências entre três gerações consecutivas. Neste caso, o(a) “guia” como que se torna, também ele(a), aprendiz, ao juntar ao seu saber científico (e preocupação de o comunicar), diferentes expressões de conhecimento acumulado ao longo de dezenas de anos de vida ou elaborado nas vivências simples de quem não nasceu há muito tempo.

Na verdade, cada um dos equipamentos e local onde foi instalado, já tem uma história para quem partilhou momentos de discussão sobre os conceitos que deverá concretizar, que estratégias permite abordar (em presença de pessoas de diferentes idades e interesses) e, naturalmente, a forma de produzir “peças” que não se encontram em supermercados ou lojas, porque não são fabricadas em série, dada a muito limitada possibilidade de venda. Também neste domínio, o Centro Ciência Viva de Constância (CCVC) contribuiu para a “divulgação de ciência”, ao dialogar com arquitetos, desenhadores, serralheiros, eletricistas e outros profissionais, transmitindo detalhes sobre os efeitos pretendidos e, em contrapartida, recebendo sugestões, em função dos saberes e experiências de quem sabe trabalhar os materiais necessários aos objetivos.

Dezassete anos depois de ser Centro Ciência Viva – a que se deverão juntar mais quatro em que funcionou como “Observatório Astronómico” – este equipamento (já reconhecido a nível regional, nacional e, em certos domínios, muito bem considerado internacionalmente), completa mais um aniversário, em pleno período de expetativas (em praticamente todo o mundo) face ao desejo de que a pandemia COVID-19 esteja prestes a ser debelada. Para juntar a atividades que vem realizando e transmitido via internet, o CCVC tem elaborado um Projeto que alargará e diversificará atividades, contribuindo para objetivos definidos por Planos Estratégicos locais, regionais e nacionais, em particular nos domínios da educação (combate ao abandono escolar/promoção do sucesso escolar); “aprendizagem ao longo da vida”; e, naturalmente, atração de visitantes através de iniciativas em domínios de turismo científico, ambiental, de natureza e patrimonial, em cooperação com instituições locais e da Região do Médio Tejo em que está inserido.

Após um ano em que gostaríamos ter suspendido a vida, é tempo de acordar os sonhos e, com determinação, iniciar o caminho até ao próximo aniversário, enchendo-o de atividades em grupos, nos espaços do CCVC ou em espaços públicos, participando em ações conduzidas por estudantes (pequenos e grandes), com assistências por eles próprios convidadas e com as quais terão de trocar ideias sobre o que pretendem demonstrar, espreitando (por telescópios) mundos onde não seria bom estarmos e outros que gostaríamos de saber como são, simulando (num moderno planetário) o céu do dia/noite em que nascemos ou em que qualquer coisa importante nos aconteceu, assistindo (no magnífico Anfiteatro Rómulo de Carvalho) a um filme, uma representação teatral ou um concerto de música ligeira, jazz ou música clássica, caminhando por percursos por entre a floresta (que se estende até ao rio Zêzere) continuando, de canoa, ao encontro do Tejo.

Neste aniversário do Centro Ciência Viva de Constância (uma sexta-feira, véspera do início da primavera – tal como há dezassete anos), projetemos (colaboradores e visitantes) promessas de mais um ano de trabalho intenso, de olhos postos na missão de promover a “Cultura Científica como Fator de Recuperação e Resiliência”.

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