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08 MAR 2021
OPINIÃO | "E Depois da Pandemia...", por Nuno Pedro
Por Jornal Abarca

Quando em Janeiro do ano passado começámos a ouvir falar de um tal de coronavírus, longe estaríamos de imaginar que iríamos viver um período tão atípico, como inopinado, tantos foram os constrangimentos e alterações provocadas no nosso quotidiano. E como em todos os setores de atividade, também o desporto e neste caso particular o futebol, foi alvo de condicionamentos que conduziram, de uma forma geral, ao cancelamento das várias competições, quer de âmbito nacional, como distrital, com exceção do futebol profissional que, fruto de um plano de retoma assente na testagem em massa de todos os seus agentes, logrou concluir a época 2019/2020 e colocar em andamento a presente época.

Pese embora o desaceleramento que temos vindo a assistir nos últimos dias no que diz respeito ao evoluir dos números da Covid-19 no nosso país, o que deixa antever um futuro mais animador, o que é facto é que um ano depois dos primeiros sinais deste maldito vírus, o medo, os confinamentos, a interrupção da quase totalidade das atividades desportivas, sem esquecermos a crise financeira daí decorrente, os impactos na prática desportiva, que é o que aqui está em causa, continuam a ser devastadores.

Muitas dezenas de milhares de crianças e jovens viram-se impedidos de fazerem aquilo que mais gostam, aguardando agora, (im)pacientemente, que alguém decida a sua vida por eles, de forma a verem abrir-se as portas que lhes foram abruptamente encerradas. Sem esquecer a parte da socialização, ou da falta dela, resultante da prática futebolista, cujas consequências ainda são difíceis de avaliar.

Talvez por isso, seja importante e de uma forma célere, encontrarmos respostas para os muitos desafios que nos irão ser colocados num futuro próximo – assim o esperamos e desejamos – quando pudermos todos voltar à normalidade e percebermos, quão maléfica foi esta pandemia, também, mas não só, na atitude comportamental dos nossos jovens perante o desporto, e em que muitos demonstram já uma gritante falta de motivação para o mesmo. Muitos são os jovens que viram perder a oportunidade de alcançar os objetivos a que se tinham proposto – vide o caso dos atletas que nas últimas duas épocas estavam inseridos no escalão júnior e que praticamente não competiram - e cujo futuro, o qual não estaremos muito longe de adivinhar, passará pelo corte umbilical com o futebol federado.

Em suma, a confrontação em permanência com um cenário de imprevisibilidade e os desafios que já nos estão a ser colocados vão obrigar-nos a um constante reajustamento no adaptar a uma nova realidade que nem nos piores sonhos pensávamos que existisse. Mas existiu. Aliás, ainda existe. E para a qual teremos de encontrar respostas, direi mesmo, soluções, que minimizem o enorme estrago que já foi feito e que em muitos casos é irreparável.

Porque tem que haver vida para além da pandemia. Mas acima de tudo, o regresso à normalidade do nosso futebol.

PS: Após uma pausa, não sabática, mas meramente por uma questão de opção pessoal, decidi voltar ao convívio dos leitores do jornal abarca. Um regresso só possível graças ao assentimento da sua Diretora, Margarida Trincão, a quem agradeço esta nova oportunidade e através da qual procurarei continuar na senda da colaboração já tida anteriormente. Focando-me em matérias intrinsecamente ligadas ao desporto e em particular ao mundo do futebol. Vamos a isso!

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