A cientista Elvira Fortunato, com raízes em Louriceira, concelho de Alcanena, foi premiada hoje com o Prémio Pessoa 2020, sucedendo a Tiago Rodrigues, director artístico do Teatro Nacional D.Maria II. A cientista viu reconhecido o seu trabalho na invenção da electrónica transparente e electrónica de papel. Francisco Pinto Balsemão, que anunciou o nome da vencedora, realçou o "trabalho pioneiro" da cientista.
Elvira Fortunato trabalhou na investigação de uma área pioneira que aproximou a ciência dos objectos diários e comum a toda a população. Está por detrás, por exemplo, da descoberta do papel como condutor de electricidade a partir de material reciclado embebido em óxidos metálicos para a criação de painéis, baterias ou transístores de comum utilização. Esta técnica, entre outras, estão patenteadas em vários países e são utilizadas no fabrico de ecrãs e painéis fotovoltaicos. Este processo é aplicado, por exemplo, em chapéus de sol de praia que permitem carregar a bateria do telemóvel enquanto apanha banhos de sol.
O Prémio Pessoa é uma iniciativa do Expresso e da Caixa Geral de Depósitos que visa distinguir personalidades das artes, ciência ou cultura que, anualmente, se destacam pela sua obra. Tem associado um prémio monetário de 60 mil euros. Em declarações ao Expresso, Elvira Fortunato garantiu em entrevista que "não trabalho para prémios. Aliás, a maior parte dos prémios que recebi foram-me atribuídos, não fui eu que concorri", à imagem do Prémio Pessoa que agora recebe.
Elvira Fortunato nasceu em Almada a 22 de Julho de 1964, mas tem raízes familiares em Louriceira, onde passou parte da sua juventude. É actualmente vice-reitora, professora catedrática e investigadora na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. A 8 de Junho de 2010 foi-lhe atribuído o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Tornou-se hoje a sétima mulher a ser distinguido com o Prémio Pessoa, adicionando o seu nome aos de Maria João Pires (pianista, 1989), Menez (pintora, 1990), Hanna Damásio (cientista, 1991), Irene Pimentel (historiadora, 2007), Maria do Carmo Fonseca (cientista, 2010) e Maria Manuel Mota (investigadora, 2013).