Adriana, nome fictício, 34 anos, aterrou em Portugal vinda do Brasil em 2019, juntamente com o marido e os quatro filhos. As meninas têm agora 17, 13 e 12 anos, e o rapaz tem 5. Emigraram “para proporcionar boas condições de estudo” aos filhos.
Inicialmente as coisas correram bem. O marido encontrou rapidamente emprego na construção civil, e Adriana trabalhou numa lavandaria e empresas de limpezas, sempre a recibos verdes. Assim que a epidemia chegou, a vida ficou virada do avesso e Adriana viu-se sem emprego. Começou a fazer bolos e salgados em casa, mas as encomendas não chegam para ter um rendimento certo.
Neste momento, a família de seis pessoas, sobrevive com o ordenado do marido, que aufere o rendimento mínimo. “Faz horas extra e trabalha ao sábado para juntar mais algum”. Com este rendimento têm de pagar 400 euros de renda, mais despesas, sem esquecer que “como as crianças estão em casa, comem mais e a factura da electricidade sobe muito”. Neste processo, admite, “houve contas que ficaram por pagar, como a escola do menino, luz ou água. Estive dois meses sem conseguir pagar a renda de casa, usei os meses de caução que tinha adiantado”. A partir de agora já não tem essa margem.
Para agravar a situação, a regularização dos documentos atrasou-se. Adriana já tem número de contribuinte, mas não de segurança social. Assim, apesar de ter trabalhado, não tem qualquer apoio do Estado.
2019, quando chegaram à Baixa da Banheira, concelho da Moita, parece já uma memória distante: “Quando tínhamos os dois emprego dava para viver bem, íamos dar um passeio, íamos lanchar com os meninos”. Agora, agarra-se à esperança: “Isto vai passar e vamos ficar bem”, acredita.
Poderá ler a reportagem completa na edição em papel do Jornal Abarca, disponível nos postos de venda habituais.