Rúben Marques, jovem de 29 anos residente em Vila Nova da Barquinha, foi multado esta quinta-feira, dia 25 de Março, em 200 euros, enquanto estava a comer bolachas e a beber água numa pausa entre os trabalhos de voluntário.
“Nesse dia estive das 15h às 18h a fazer voluntariado animal na APABA da Golegã e ia à APA, cujo abrigo é nas Lapas, das 19h às 20h”, conta ao abarca. No intervalo entre as 18h e às 19h “vinha muito cansado e parei o carro atrás do hospital de Torres Novas para comer umas bolachas e beber um bocado de água. Quando me preparava para ir embora apareceu o carro da PSP”.
O jovem conta que a viatura da autoridade parou ao lado da sua e “decidi ficar para ver o que eles queriam, se seguisse viagem parecia que estava a fugir”. Até porque já lhe aconteceu ser mandado parar pelas autoridades várias vezes e nunca teve qualquer problema, pois sempre apresentou justificação válida para as deslocações.
Naquele dia, porém, a situação foi diferente: “Perguntou-me o que é que eu estava ali a fazer”, mas Rúben sentiu de imediato que “a atitude dele estava a ser completamente fechada”. O jovem trabalha na FNAC em Torres Novas, e faz voluntariado em ambas as associações, na APA desde 2014 e na APABA desde 2019. Apesar de ter justificação válida das três entidades, de nada lhe valeu: “Disse-lhe que tinha as justificações e quis-lhe mostrar, mas ele nem quis ver. Ele decidiu que me ia multar e não havia nada que eu pudesse dizer ou fazer”.
Essa é a parte que mais indigna o jovem, pois não lhe foi dada sequer oportunidade mostrar os comprovativos que justificavam a sua paragem no local: “Sinto que foi abuso de poder, até mostrei as bolachas que estava a comer”, diz revoltado.
Perante as várias tentativas de Rúben em mostrar as justificações, a postura da autoridade, que se encontrava sozinho em patrulha, foi intransigente: “Só dizia que eu estava em infracção do recolher obrigatório e que não tinha justificação para estar ali”, reclama. “Pediu-me a identificação, ficou dentro do carro a escrever e eu fiquei ali à espera. Senti que não valia a pena”.
Assim, Rúben foi autuado em 200€: “Nunca imaginei que isto me pudesse acontecer”, desabafa. “Pagar 200€ por estar a comer no carro… isto nem no tempo da ditadura”, solta. “Se eu não estivesse sozinho podia fazer sentido. Mas estava sozinho num sítio deserto a descansar. Pensei ir para ali precisamente por ser um sítio calmo e seguro”.
Agora, tem 15 dias para contestar a multa: “Sei que a verdade está do meu lado e espero que se faça justiça. Tenho confiança que se vai resolver”.
Rúben sublinha ainda que a presidente da APABA, Ana Baena, onde tinha feito voluntariado nas horas antes, e Rosário Pires Bento, presidente da APA, para onde iria depois de terminar o lanche, demonstraram já total apoio com a sua situação: “Disseram-me que estão dispostas a ajudar no que for preciso e a confirmar que sou voluntário nas associações e que nesse dia estava nesse trabalho”.