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14 ABR 2021
OPINIÃO | "Eutanásia, por mim sim, pelos outros não sei...", por Adelino Pires
Por Jornal Abarca

Este é um daqueles assuntos que queimam. As mãos de quem escreve, a mente de quem pensa, a consciência de quem decide. Haverá argumentos sólidos para que sim e para que não. Gente inteligente a defender uma coisa e o seu contrário. Decidir pelos outros parece fácil, mas é, porque não dizê-lo, sempre o mais difícil. Decidir por mim, parece difícil, mas julgo, sinceramente que talvez seja o mais fácil. Penso saber distinguir o que é a vida e a qualidade mínima da sua dignidade. Pelo que penso hoje, se confrontado com uma situação limite de inexorabilidade, não da vida, mas da qualidade minimamente aceitável da sua dignidade, penso não ter dúvidas em decidir o meu destino. Mas isso serei eu. Não sei se terei o mesmo direito em decidir pelos outros. Por isso, tenho algumas dúvidas que se tenha esgotado todo o debate sobre um tema tão sensível quanto questionável. Que uma vez decidido num certo sentido, dificilmente terá retorno.

Não quero com isto dizer que seja contra. Penso mesmo, que sou a favor. Por mim sim, pelos outros não sei.

Como sempre, nestes assuntos, gosto de ouvir mais do que falar. Mas não ouvir sobre a pressão político-partidária de um parlamento que acha que tem que decidir agora, porque é agora que talvez dê jeito que a coisa se faça. Não. Preferia ouvir e ler opiniões várias, ponderadas, sem os habituais condicionalismos, sem as objecções de consciência só porque sim. Preferia que se percebesse bem e a sério o que se tem passado nos países onde essa prática existe. Quais os riscos e os abusos? E qual a prudência do processo. Preferia que quando uma decisão fosse tomada, o tempo de maturidade fosse o tempo certo e não o do contra-relógio. Preferia, para decidir em consciência, que mastigássemos o tempo. E que esta, fosse uma questão referendada. Porque senão, para que servirão os referendos? Preferia que se lesse, como exemplo, um texto do saudoso Vicente Jorge Silva de 27 de Maio de 2018, no Público – “Vida e Morte, as fronteiras da liberdade”. Alguém, normalmente, tão convicto nas suas opiniões, mas que, daquela vez, tão ponderado foi na sua reflexão. Faço minhas, as suas palavras.

Eutanásia? Por mim sim, pelos outros, não sei…

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