Durante esta crise pandémica temos assistido a um agravar de muitas situações de exclusão, discriminação e negligência das pessoas com deficiência. Não queremos que seja esse o caso também na administração das vacinas COVID-19. Lembramos que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, as pessoas com deficiência são categorizadas como populações vulneráveis em situações de emergência de saúde pública, sendo por isso necessária uma especial atenção a este grupo populacional.
É um facto que as pessoas com deficiência enfrentam um maior risco de contrair COVID-19 devido às condições de saúde existentes e ao inevitável contacto próximo com os seus cuidadores, formais ou informais, ou prestadores de serviços de apoio. São muitas as pessoas com deficiência que não conseguem respeitar o necessário distanciamento físico, pois necessitam de apoio para realizar as suas atividades diárias. Para as pessoas com deficiência visual que são obrigadas a tocar em inúmeras superfícies ou os utilizadores de cadeira de rodas cujas mãos estão em contacto com as rodas, os riscos são mesmo decorrentes de uma simples utilização do espaço público. Outros estão expostos porque não têm acesso a informações oportunas e compreensíveis sobre como proteger-se contra COVID-19 em formatos acessíveis. Ainda a considerar é a situação das pessoas com deficiência intelectual ou psicossocial ou pessoas autistas, em que não é viável a observância das normas de distanciamento físico, uso prolongado de máscaras ou cobertura facial e outros requisitos de higiene sanitária.
No caso de contração do COVID-19, os grupos de pessoas com deficiência com doenças associadas pré-existentes, como problemas respiratórios, correm maior risco de desenvolver condições críticas ou mesmo perder a vida. Para as pessoas com deficiência que necessitam de assistência pessoal enfrentam sérias dificuldades no desempenho das atividades quotidianas o distanciamento físico pode comprometer sua dignidade e independência. Alguns grupos, como pessoas com surdo cegueira, ficam simplesmente isolados do mundo em grande parte porque a interpretação pessoal não é possível devido ao distanciamento físico. Pessoas com deficiência intelectual, pessoas com deficiência psicossocial e pessoas autistas podem experienciar desafios de saúde mental ainda mais profundos, duplo isolamento e ansiedade devido a uma combinação de todos os diferentes impactos da pandemia.
É importante garantir que a implementação global de vacinação contra COVID-19 seja efetuada de forma equitativa. Nenhuma pessoa deve ser deixada para trás. Defendemos que as pessoas com deficiência, em razão de sua maior exposição ao COVID-19, patologias muitas vezes associadas e todas as suas consequências, devem ser priorizadas nas estratégias de vacinação.
Texto enviado por mais de 80 organizações de defesa dos direitos das pessoas com deficiência ao Presidente da República e ao Primeiro Ministro e outras entidades, a exigir que sejam tomadas de imediato medidas para que as pessoas com deficiência e os seus assistentes pessoais e cuidadores, sejam considerados prioritários na vacinação contra a covid-19.
Caso concorde com a exigência assine a petição: “Prioridade das pessoas com deficiência na vacinação contra a COVID-19” aqui.