Como todas as áreas de atividade da nossa sociedade, também o desporto nacional está confrontado, desde Março do ano passado, com um cenário dramático, não só pela impossibilidade de acesso à prática desportiva coletiva, como em muitos casos também individual, mas fundamentalmente pela própria sustentabilidade, direi mesmo sobrevivência, de muitos clubes do nosso país, a qual começa a estar colocada em causa.
E o que é facto é que, entre avanços e recuos, anúncios ou meios anúncios, o Governo da República, depois de conhecido o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e os números de uma tal bazuca, lá foi revelando apoios ou lá o que lhe queiram chamar, seja a fundo perdido, linhas de crédito ou de outra forma qualquer, de modo a que a economia nacional e por consequência todas as famílias não fossem arrastadas para o abismo.
Neste quadro “pandémico” onde ficou o desporto? Uma pergunta que a todos, pelo menos aos que a ele estão diretamente ligados, inquietou e que só nos últimos dias foi tendo algumas respostas, ainda que ténues, mas que acalentam a esperança daqueles que, em muitas situações se substituem ao próprio Estado, nas funções que a este estão acometidas: os clubes e seus dirigentes. É que em todo este processo, a aparente indiferença pelo setor do desporto por parte das instâncias governamentais já começava a ganhar contornos de total injustiça, para com quem, na maioria dos casos em regime “pro bono”, tudo faz para manter o tecido desportivo nacional ativo e com os resultados que se conhecem.
Contudo e ao contrário do que era expectável, os 65 milhões anunciados como apoio ao setor, nada têm a ver com as verbas provenientes da bazuca europeia, sendo um fundo de apoio extraordinário, a que se juntará, assim o esperamos e desejamos, outros milhões do tal PRR, estes com o firme objetivo de colocar Portugal, até 2030, entre os 15 países mais ativos da Europa. Não sei se me faço entender, mas foi a ideia que a todos foi vendida.
Registe-se ainda que desses 65 milhões, 30 milhões serão a fundo perdido, direcionados aos clubes, de forma a que estes possam ver minorados os constrangimentos provocados pela ausência de receitas durante mais de um ano, pese embora as despesas correntes cujo pagamento tinha de ser sempre assegurado. Esta sim uma medida de apoio direta que todos devemos congratular, não deixando de manifestar uma certa ansiedade em ver concretizada. Só assim o apoio será efetivo e não embalde.