A História, a escrita, a fundação da Palha de Abrantes, a fotografia, arquivismo, a biblioteconomia, podar árvores e 33 anos de bibliotecário na Biblioteca Municipal António Botto de Abrantes (BMABA) são apenas algumas das actividades de Francisco Lopes, pegacho de gema.

É do Pego. E é pegacho de gema, por convicção, e porque partilha essa alma cultivada com o Tejo ali aos pés, e que também se burilou na História, nos costumes e no orgulho dos homens, e também das mulheres, da aldeia que, sendo ribatejana, mostra também laivos do que o Alentejo tem de mais pitoresco. Francisco Ferreira Lopes nunca foi carvoeiro, nem tirador de cortiça, as profissões mais tradicionais e comuns, nem saiu para os trabalhos sazonais noutras paragens. Não pertence a esse naipe de pegachos típicos, independentes e briosos, que partiam da aldeia para longe e lá dormiam em barracas e passavam grandes e duras temporadas afastados de casa para ganhar para ela. Francisco pode ser de outra cepa, mas também tem um enxerto nessa, porque muitas vezes acompanhou os pais nessa função. (...)

“Eu gostava de analisar um período histórico a partir da análise de uma obra literária, era assim que estudávamos e fazíamos as cadeiras, e eu comecei a ganhar mais fascínio pela literatura que pela História”, confessa. “A literatura fascina, alguns autores são visionários, têm uma perceção do mundo e uma clarividência extraordinárias, e um bom romance é melhor que qualquer trecho de História, porque estão lá as emoções e contradições do ser humano”, observa Francisco Lopes, que exalta autores, como o russo Leon Tolstoi, e a sua magnum opus Guerra e Paz. (...)

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