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16 MAI 2021
OPINIÃO | "O Milagre da Ciência", por Ricardo Rodrigues
Por Jornal Abarca

Os dias negros que atravessamos desde o início de 2020 parecem estar cada vez mais próximos do fim. Naturalmente, isso acontecerá de forma gradual, não existe um botão “on/off” para acabar com a pandemia. Mas, se dúvidas houvessem sobre a eficácia das vacinas, elas começam a ser desfeitas, esmagando o discurso populista dos negacionistas, incluindo alguns líderes genocidas.

A 25 de Abril - poético, não? - não morreu ninguém por Covid-19 em Portugal, o que não acontecia desde 2 de Agosto de 2020, quando o secretário de Estado Lacerda Sales chorou ao anunciar um dia “limpo” nas estatísticas de óbitos pela Covid-19.

Também no final de Abril recebemos a notícia de que as mortes nos lares estagnaram. De tal modo que, à data da escrita deste texto, não morre ninguém em lares há mais de duas semanas, onde a população residente, maioritariamente idosos, e funcionários foram vacinados num processo que decorreu com bastante sucesso. Há, portanto, um factor decisivo para a redução da mortalidade, levando a uma média de 0 a 14 dias: a vacinação. Este Abril trouxe-nos, assim, “o dia inicial inteiro e limpo” da pandemia, pegando nas palavras de Sophia.

Para o sucesso do processo de vacinação em Portugal é obrigatório destacar o nome do Almirante Henrique Gouveia e Melo. O processo começou em Janeiro de forma atabalhoada: não havia organização, não existiam postos de vacinação definidos, não se percebia bem como as pessoas se podiam inscrever ou sequer se o deviam fazer, não havia prioridade nas vacinações, as doses sobravam por falta de planeamento e eram aplicadas nos amigos e familiares dos autarcas, etc. A liderança de Gouveia e Melo, a partir de Fevereiro, trouxe aquilo que faltava e em que os militares são eficazes como ninguém: organização, rigor e disciplina. O sucesso está à vista e a imunidade de grupo, com 70% da população adulta vacinada até final do verão, parece agora uma meta possível de alcançar.

Aos negacionistas sobra o espaço do ridículo. Haverá tempo para lermos o que por eles foi escrito, dito e feito e pensarmos: “Como foi possível darmos tempo de antena a esta gente?”. Não usam máscara autointitulando-se revolucionários quando não passam de inconscientes; chamam ditadura a medidas de controlo de uma pandemia que negam existir perante a tragédia que todos vemos; inventam factos para dar suporte às suas teorias loucas; espalham um clima de dúvida, medo e terror dizendo que as vacinas seriam para tudo menos para nos proteger da doença; baseiam-se em pessoas, na sua maioria, sem qualquer formação científica; validam as suas opiniões em qualquer coisa “da verdade”, ainda que não passem de um bando de mentirosos. Só uma coisa poderia derrotar este discurso: o tempo.

Porque tempo, menos do que eu próprio pensava, era o que a ciência precisava para fazer o seu pequeno milagre. Será a vacinação a salvar-nos da praga que invadiu as nossas vidas. E fá-lo-à em tempo recorde. Isso é o que ficará para a história.

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