É um lugar mágico e com memória, uma das mais singulares e bucólicas matas de Portugal e um dos sítios mais intensos desta região de nome sonso, descolorido e sem alma que é o Médio Tejo, a pobre designação com que algumas almas não menos sonsas carismaram o que deveria continuar a ser simplesmente Ribatejo.
Transponho os pesados portões da mata, depois de voltar a deparar com o monumento em memória do Infante Dom Henrique, logo à sua entrada, evocando a imprtâcia do infante como administrador da Ordem de Cristo, e responsável por vários benefícios no convento e nas muralhas castrensas. Entro, e de imediato todos aqueles aromas frescos que neste mês de maio se desprendem do jardim e do bosque circundante acordam-me a memória dos tempos do antigo Liceu de Tomar, na verdade uma secção liceal então comandada pelo vice-reitor Saraiva de Carvalho, junto ao Arco dos Estaus. (...)
A entrada que hoje, um invernoso dia deste sempre restaurador mês de maio, é feita muitos anos após a saga adolescente dos anos 60, é também com uma vida mais outonal que o faço, e após uns 20 minutos de caminhada, num ápice que me surpreende, o tempo muda radicalmente. Cai agora uma chuva copiosa sem clemência, vários relâmpagos rasgam o céu atrás de altas olaias e carvalhos, dos pinheiros bravos e mansos e oliveiras, e outras tantas trovoadas transformam aquele vale verde e subitamente escuro numa caixa-de-ressonância que se transforma algum tempo depois em jorros de lamas e num enorme charco. (...)
Mas neste bosque, quase em estado puro, havia mais. Se o majestoso Aqueduto dos Pegões Altos trazia com aparato arquitetónico a água para o convento (e para os reservatórios no interior da cerca), era nas hortas, nos pomares, nos olivais e nas muitas terras agrícolas dentro da cerca que os frades levavam o que pôr na mesa. (...)
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