Tenho pensado muito sobre o nosso estado colectivo de sanidade mental. Existem rastreios para tudo mas a sanidade mental fica sempre lá naquele canto recôndito escondida como se fosse um tabu milenar que ninguém pode tocar muito porque ninguém sabe muito bem como lidar com a mente, porque tudo o que a mente esconde, o corpo não mostra.
Confesso que fiquei surpreendida e feliz com a coragem do Príncipe Harry por abordar a temática da saúde mental em relação a tudo o que passou com a sua família. O facto de existir um membro real ainda por cima filho de Diana e ter a ousadia de mostrar ao mundo e dizer a todos: nós reais também temos uma alma, também sofremos, foi como uma lufada de ar fresco. Os media são há muito tempo as marionetas dos grandes poderes económicos quando na realidade a sua verdadeira função seria o de reportar e de expor a realidade social tal e qual como é, sem subjectivismos ou sem obedecer a lobbies.
Ao expor a “empresa secular” da monarquia inglesa e ao explicar tudo o que pode acontecer quando temáticas como o racismo batem as grandes redes sociais foi como se pela primeira vez na história alguém tivesse a coragem de abrir a cortina que tapa a saúde mental e olhar para aquilo como um problema sério a ser visto e analisado.
Muitas pessoas, incluindo figuras públicas, algumas com grande estima pela família e amigos perderam a vida assim porque a sua saúde mental não está nem nunca foi boa. Muitos fãs por exemplo do cómico Robbie Williams entraram em pleno choque quando foi revelado que o talentoso actor se tinha enforcado ou quando do nada o corpo do actor português Pedro Lima apareceu sem vida na praia.
Todos os outros problemas associados à sanidade mental como o alcoolimo, a droga, as dependências poderiam ser mais facilmente tratados se em primeira instância alguém ou alguma instituição tivesse o poder de ver e de detector problemas mentais sem abordar a temática com estranheza ou a família tentar esconder o assunto como se fosse motivo de vergonha ou de fraqueza.
O Príncipe Harry não sabe, mas ao ousar falar sobre sanidade mental não fez justiça apenas para si próprio, para a sua mãe, para milhões de pessoas que se escondem com problemas mentais, ele abordou de facto um assunto secular. A rainha D. Maria I de Portugal , chamada de “ Louca” tão injustamente foi vítima de todo o tipo de intrigas e jogos políticos devido ao facto de ser uma figura vulnerável pela sua condição mental. Na verdade a rainha que era exemplo a seguir tornou-se alvo de todos os ataques depois de ter ficado muito fragilizada: “ após enfrentar a morte do marido, do tio, da filha D. Mariana, do genro, do filho mais velho José e do amigo Frei Inácio – a que ela confessava. Sua cabeça não foi mais a mesma.”
Sim Príncipe Harry, a história infelizmente tende a repetir-se...