Antes de falarmos do elemento mais abundante no Universo, vamos “parabenizar” o nosso abarca.
Pois está de parabéns, mais um aniversário. O “abarca” continua de boa saúde graças à nossa Directora Margarida e também aos seus colaboradores. Que continuem todos, por muitos e bons anos, a levar aos leitores aquilo que, cada um de nós, vai produzindo com maior ou menor engenho e arte. Que a saúde e a resiliência não faltem à Margarida Trincão para, em cada mês, ler e levar à edição as nossas prosas ou poesias.
Parabéns!
E agora vamos ao hidrogénio tão falado actualmente.
É o elemento mais abundante no universo com 75% da massa e 90% do número de átomos.
Actualmente estudam-se processos de o isolar das substâncias com que se encontra combinado com outros elementos, nomeadamente a água e os hidrocarbonetos (petróleo e seus derivados e gás natural).
A extracção da água é conhecida há muitos anos: a electrólise. Requer a utilização de energia eléctrica. Actualmente estuda-se a extracção da água através dos aglomerados de alumínio e da luz solar, sem, aparentemente, gasto de energia. Digo aparentemente porque a luz solar é energia. Lembremo-nos que a energia não se gasta – apenas se transforma! Não gastamos electricidade – transformamos a electricidade em energia calorífica, energia luminosa, energia mecânica, logo não a consumimos (mas pagamo-la como se a consumíssemos porque a sua produção – transformação de outras energias em electricidade tem custos que não são pequenos!)
Com a degradação do Planeta Terra devida à má utilização dos seus produtos que, por efeito de estufa, vão alterando a temperatura e o clima originando catástrofes cada vez mais frequentes e sem possibilidade de controlo humano. A única solução é sermos mais cuidadosos com aquilo que consumimos procurando não ir além da capacidade de produção do Planeta e ainda procurando consumos que não afectem o sistema. As transformações de energia estão entre os fenómenos que mais contribuem para a degradação do Planeta. Assim há que caminhar para processos “amigos do Planeta”, “amigos de Terra”. A transformação de energia através da utilização do hidrogénio é um desses processos.
Abrantes tem muita importância neste processo de transformação energética para o que basta verificar as barragens existentes nas imediações e a Central do Pego. Quanto às barragens, não sendo poluentes, têm um rendimento muito baixo e alguma influência na vida aquática dos rios onde se situam – são uma barreira artificial para a continuação dessa vida. Quanto à Central do Pego – unidades produtoras a partir da queima do carvão – espera-se a sua reconversão para “processos mais limpos”.
Abrantes foi, em tempos, uma grande produtora de hidrogénio!
No final da década de 40 e inícios da década de 50 do século passado foi construída em Alferrarede uma unidade de produção de hidrogénio por electrólise da água. O pavilhão de produção ainda existe e consta que vai ser transformado em edifício escolar para instalação da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA).
Tudo se situava do lado norte, junto à estação dos Caminhos de Ferro de Alferrarede, hoje vulgarmente designada por Quimigal.
Assim, do lado norte da referida estação tínhamos a União Fabril do Azoto (UFA) e do lado sul tínhamos o lagar de azeite e venda de adubos químicos da Companhia União Fabril (CUF). As instalações desta ainda lá estão, embora bastante degradadas.
A UFA produzia hidrogénio por electrólise e azoto que capturava do ar. Estes dois produtos eram enviados pelo caminho de ferro, em vagões especiais, para o Barreiro, onde eram utilizados na fabricação de adubos para a agricultura.
Deste modo, aguardamos que Abrantes volte a ser um “grande centro produtor de hidrogénio”!