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15 AGO 2021
OPINIÃO | "Estudai e Terão Sucesso", por Ana Teixeira
Por Jornal Abarca

Quando se mete o Verão e com ele as suas férias, faço por partilhar assuntos mais leves. Contudo, acabo por nunca conseguir. Até porque este Verão não vai ser azul!

O início deste período estival é marcado por algo inimaginável sobretudo para os jovens: uma campanha de vacinação. Logo agora que se preparavam – assim a carteira o permita, para rumar à praia, aos sunsets e às noites longas que não têm fim. Fixo-me, especialmente, nos alunos do ensino secundário que terminaram os exames. Uns estudaram, outros nem por isso. Uns tiveram apoios e frequentaram centros de explicações com nomes igualmente inimagináveis, “Clube dos Inteligentes” ou “República dos Einsteins”. Onde andarão os que não são “inteligentes”. Não puderam entrar? E aqueles que os pais não puderam pagar?

O ensino público encarregou-se de criar uma “carreira paralela” ao ensino privado/personalizado, onde o sucesso foi estabelecido como meta e o meio socio-económico acentuou a desigualdade na aprendizagem e o confinamento foi a “cereja no topo do bolo”.

Carlos Vaz Marques postou numa rede social uma passagem de um livro de Natália Ginsburg com tradução do acarinhado “abrantino” Miguel Serras Pereira “No que se refere à educação dos filhos, penso que lhes devem ser ensinadas não as pequenas virtudes mas as grandes. Não a poupança, mas a generosidade e a indiferença pelo dinheiro; não a prudência, mas a coragem e o desprezo pelo perigo; não a astúcia, mas a franqueza, o amor e a abnegação; não o desejo do sucesso, mas o desejo de ser e conhecer”.

A quase imposição aos miúdos que o importante na vida é ter sucesso, mas para este ser alcançado têm que entrar num processo desenfreado de luta por uma média que descrimina, indubitavelmente, quem nasce num meio social desfavorecido, inverte a aquisição das grandes virtudes. Ou seja, descura o ser e o conhecer. O sentido crítico. Valoriza, somente, o sucesso. “Ribadouros” há muitos diria Vasco Santana.

Um dos princípios fundamentais de um Estado Democrático de Direito – o princípio da igualdade – assenta em Aristóteles, ou seja, de forma muito simples, tratar igual o que é igual e desigual o que é desigualdade.

O secundário que viveu estes dois últimos anos em confinamento vê a desigualdade no acesso à universidade acentuada. Constitucionalmente está consagrado um regime de acesso que garanta a igualdade de oportunidades. Mas a realidade contradiz a nossa Lei Fundamental.

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